Urbanização em obras

- Está bem tu lá sabes. - revirei os olhos - Tens de esperar isto não é quando tu queres. E como é que vai ser? É suposto tu fazeres-me o parto nesta casa?

Levantei uma sobrancelha tentando pensar no que dizer. Não tinha pensado naquilo. Mordi o lábio olhando-a.
-Sim, aposto que não é dificil

Revirei os olhos - É dificil sim. E ainda mais dificil no meu caso. Sei que não te importas comigo mas a minha filha pode morrer se fizeres o parto cá em casa, ainda mais se fores tu a fazê-lo.

-Porquê? És especial só porque és nova? - perguntei com um notório tom de gozo na voz - a miuda não morre eles são tipo carcaças.

- Porque me atirei de uma janela! - gritei-lhe - Pode acontecer alguma coisa durante o parto que esteja relacionada com os ossos que parti quando isso aconteceu. E a minha filha não é uma carcaça, credo não sei como é que queres ser mãe. Mata-nos já as duas e fica só com o Will porque não sabes nada sobre crianças.

Arregalei os olhos. E a louca era eu? Credo.
-Ai vê lá - resmunguei e olhei para a barriga encolhendo os ombros - não faz mal, eu tento na mesma. Existem facas e eu não me importo contigo mesmo, a bebé é que não pode morrer. - disse muito ciente disso.

- Tu és maluca e vais mata-la. - abanei a cabeça e mandei a torrada para o tabuleiro, já sem fome. Voltei a ir para a cama onde me sentei.

-Não vou nada, está descansada que a tua filha vai ser muito bem criada pelo pai - resmunguei levantando-me e fui até à casa de banho colocar-lhe mais roupa lavada. - Qualquer coisa chama - gozei subindo para a minha sala.

Quando a vi a ir embora, deixei-me cair na cama. Fechei os olhos e pousei a mão no fundo da barriga - O papá vai tomar bem conta de ti e não vai deixar que aquela maluca se aproxime mais de ti. - voltei a tapar-me com as mantas. Sentia-me fria.. devia estar a ficar doente..

*1 semana depois*
Estava farta de estar deitada e desde que tinha acordado que estava cheia de dores, aquelas dores fortes. Andei de um lado para o outro no quarto. Parei de repente quando me senti molhada e vi uma poça de água no chão. Fui até à porta e não parei de bater - Frey! - gritei por ela e tive de me baixar ligeiramente por causa das dores.

Revirei os olhos quando a ouvi chamar-me e desci as escadas abrindo a porta e vendo-a agarrada à barriga toda molhada.
-A casa de banho é ali criatura.

- Não é isso sua burra! - gritei-lhe a morrer de dores. Respirei fundo várias vezes - Rebentaram as águas. Frey tenho de ir para o hospital. A Kath vai nascer.

Arregalei os olhos e quase saltei quando ela disse que a pirralha ia nascer. Era agora que eu ia ser feliz com o meu willzinho. Sorri e apontei para a cama. - Deita-te. Não vais para o hospital coisissima nenhuma

- Frey se ficarmos nesta casa e tu fizeres o parto ela vai morrer. - fechei os olhos e cerrei os dentes com outra pontada de dor - Se queres tanto ficar com o Will e com a nossa filha, temos de ir já para o hospital.

Olhei para ela com cara de má e segurei no meu telemóvel, porque ela não ia sujar o meu carro, era o que faltava. Liguei para uma ambulância e chamei-a.
-Agora, não aprontes.

Agarrei-me à minha barriga e nem lhe respondi. Pelo menos ia para o hospital.. Só queria que o Will estivesse lá.. Isto não devia ter sido nada assim. Eu devia ter gritado por ele quando rebentaram as águas, ele ia buscar o meu saquinho e levar-me para o hospital, eu ia passar aquele tempo de sofrimento com ele ao meu lado a dar-me a mão e ele ia cortar o cordão e depois pegar nela. Não ia ser nada disto..

Sentei-me na cama a vê-la com dores. Credo, acho que ia tirar os meus ovários só para não correr riscos. Ouvi a ambulância e levantei-me ajudando-a para parecer amiga dela, a subir as escadas enquanto os paramédicos entravam a minha casa.

Ia caindo quando senti uma pancada forte e até fiquei com a visão turva por uns segundos.
- Está tudo bem? - ouvi uma voz que me deitou na maca - Vamos levar-te para o hospital, está bem? - assenti - Vai ficar tudo bem.
Dois paramédicos levaram-me para a ambulância e depois de me colocaram lá dentro olharam para a Frey - É o quê à rapariga?

Olhei para ela na ambulância e depois para o paramédico mordendo o lábio.
-Amiga. - forcei um sorriso.

Agarrei-me ao braço do paramédico que tinha estado sempre a falar comigo e como não conseguia dizer nada por estar a cerrar os dentes com dores, só abanei a cabeça.
- Peço desculpa mas só familia ou o pai do bebé. Vai ter de ir ao hospital. - fecharam as portas e conduziram para o hospital.

-O quê? - guinchei chocada - Não. mas eu.. Eu sou a mãe do bebé!!! - gritei mas eles já tinham fechado as portas e arrancado - oh meu deus, isto estava a correr muito mal, muito mal. - entrei no meu carro e a merda não pegava.

Passei a mão pela cabeça, porque é que logo agora a porcaria do carro não dava? Telefonei para um táxi e eles disseram-me que teria que esperar dez minutos para que me viessem buscar. Lindo Frey. Lindo!