Prisão

Eles conduziram-me até a um quarto, deixando-me lá sozinho pelo que pareceram muitas horas. Estava deitado na cama quando a porta foi aberta e um dos guardas me mandou sair. Agarrou-me no braço e encaminhou-me até a uma sala de interrogatórios onde estava um agente sentado. - Jake Watson certo? - assenti com a cabeça - Não tens historial. Decidiste experimentar drogas foi? - olhei para o homem e abanei a cabeça - Não foi nada disso. Eu vi o gajo a vender e não queria que ele estragasse a vida de mais gente como fez ao meu irmão e à minha antiga namorada. - o homem olhou-me - Tu pareces bom rapaz, e como não tens historial... vais passar cá uma noite. Amanhã és solto. - suspirei - Eu... posso ligar a uma pessoa? - ele assentiu e apontou para um telefone na sala antes de sair.

Tal como lhe tinha prometido perguntei o caminho da prisão à primeira pessoa que encontrei. Segui todas as indicações que me foram dadas e num instante lá cheguei. Debrucei-me sob o balcão e olhei o polícia que parecia surpreendido por ver ali uma rapariga tão nova.
-Estou aqui para ver o Jake Watson. - disse sem qualquer vestígio de um sorriso nos meus lábios.
-Vou ver se ele está autorizado a receber visitas, aguarde um pouco. - assenti ao que ele me disse e fui sentar-me na sala de espera.

Desliguei o telefone e fui conduzido de volta até à cela onde ia passar a noite. O policia que tinha falado comigo veio até à porta e abriu-a - Tens uma visita. - levantei-me sem saber quem seria. Talvez fosse o Nick. Ele tinha era que se manter longe daqui. Levantei-me e segui o guarda.

O mesmo polícia veio chamar-me pouco depois de eu estar sentada e ainda bem porque aquela espera toda estava a deixar-me completamente maluca. Fui conduzida para uma sala de visitas e consegui vê-lo do outro lado do vidro. Quase corri para lá e sentei-me na cadeira querendo abraçá-lo e tocá-lo mas não o podendo fazer - Jake. - disse o nome dele num suspiro.

Fiquei parado quando vi que era a Ellie e ia dizer para me levarem de novo para a cela quando a ouvi a dizer o meu nome. Suspirei e sentei-me na cadeira. Peguei no telefone e fiquei em silÊncio a olhar para ela.

Peguei no telefone quase o deixando cair de tão nervosa que estava. Senti as lágrimas caírem-me pela cara a baixo e meti a mão em cima do vidro querendo cada vez mais tocá-lo. Queria falar mas tinha a garganta seca e tudo o que saía da minha boca eram sons impercetéveis.

- Eu disse-te que não queria que viesses. - disse-lhe apenas num tom de voz bastante duro. Custava-me trata-la assim mas já tinha arranjado merda para o lado dela, não queria prejudicá-la mais.

-E eu prometi-te que vinha. - disse por entre soluços - Precisava de te ver. Não conseguia ir para casa e fingir que nada se tinha passado. - olhei para baixo e deixei a mão escorregar lentamente pelo vidro até cair em cima da mesa.

- Não devias ter vindo Ellie... não queria que me visses aqui e não quero deixar-te em mais confusões... - olhei para ela e suspirei.

-Não estás a deixar-me em confusões... - limpei as lágrimas que pareciam nunca mais acabar - Eu só quero estar aqui e poder apoiar-te. Em tudo mesmo. - olhei para cima de novo, para os olhos dele.

Voltei a suspirar - Já me viste, Ellie. Já podes ir embora. Amanhã saio daqui. - olhei-a - Por favor, Ellie. Estares aqui não vai melhor nada, só te vai fazer pior.

-Mas eu quero ficar aqui contigo. - fiz beicinho despropositadamente, acho que era mesmo uma característica minha de quando chorava - Eu não quero estar sozinha no meu quarto e que tu estejas aqui na outra ponta da cidade.

- Mas tu não vais ficar aqui Ellie e daqui a nada vem mandar-me para a cela outra vez. - olhei-a - Amanhã já sai daqui. - repeti.

-Eu posso ficar aqui. - encolhi os ombros - Acho que o polícia que falou comigo não se vai importar de não estar sozinho hoje. - mordi o interior da bochecha pois tinha a certeza da resposta que ele me ia dar.

- Ellie, não vais cá passar a noite toda! - quase gritei. - Vai-te embora está bem? Não te quero aqui, ainda não percebeste?

Assustei-me e o meu corpo estremeceu todo quando ele gritou comigo - P...porque... é que já... não me queres aqui? - perguntei muito devagarinho e aterrorizada. Ele nunca tinha sido assim para mim antes.

- Eu nunca te quis aqui! Foi o que te andei a dizer este tempo todo! - olhei para ela - Vai embora daqui Ellie. Na verdade, vai embora simplesmente. Embora da minha vida!

-O quê? - olhei-o chocada. Sentia-me magoada, desiludida, sozinha. Levantei-me da cadeira ainda com as pernas um pouco a tremer e saí dali sem nunca olhar para trás. Saí da prisão e enfiei-me no beco mais próximo que encontrei. Comprei droga a uns rapazes quaisquer pois a que tinha escondida no quarto não ia ser suficiente. Apanhei boleia de um homem qualquer, não querendo saber para onde ia, nem quando voltava.

Coloquei o telefone no lugar e vi-a ir embora. Levantei-me e voltei para a minha cela. Não queria ser mau para ela mas queria-a longe de todas estas confusões.

N Na manhã seguinte, o policio veio-me buscar e avisou-me que se houvesse uma próxima vez que ia ser mais grave do que uma noite na prisão. Assenti e sai de lá com as minhas coisas, voltando para o colégio.

- Deixa-me. - pedi. - Não fales mais comigo - mostrei-me verdadeiramente indignado. E desta vez ea mesmo a sério, e não mais uma maneira de lhe chamar a atenção.

Levei as mãos à cara e respirei fundo.
-Desculpa - pedi sinceramente e toquei-lhe no ombro - mas deixa o meu pai ajudar-te - olhei-o.

Nada proferi. - Como queiras - encolhi os ombros e fechei os olhos. Os policias retiraram-nos da viatura e encaminharam-nos para a zona de espera.

Suspirei deixando que os polícias nos levassem, mas eles já estavam a exagerar no toque.
-Larguem-me oh! - resmunguei sentando-me numa cadeira.