(para quem seguia ou leu as minhas one shots no blog, já deve conhecer esta. para quem não leu: espero que gostem, não se esqueçam de deixar uma opinião ^^)
O som dos pneus a chiar sobre a estrada entraram nos seus ouvidos; uma travagem brusca mandou o carro pelos ares e deixou um rasto de sangue, tristeza e saudade.
Nesse acidente houve três mortes, um ferido ligeiro e um ferido grave.
As mortes tinham sido da mãe, do pai e da criança mais velha; o ferido ligeiro tinha sido uma rapariga, de apenas dois anos, que escapara apenas com arranhões (que ninguém sabia explicar como, depois de um acidente daqueles). A que tinha saído ferida com mais gravidade tinha sido Isabella, a filha do meio do casal que tinha perdido a vida nesse trágico acidente.
Bella lutava para se manter viva e, pelo que os médicos começavam a dizer, o seu prognóstico era muito reservado; a rapariga mantinha-se ligada a ventiladores, sem forças para respirar sem ajuda daquela máquina que era, até então, o seu suporte de vida.
Foram precisos quatro dias para alguém ter conclusões mais concretas sobre o estado de saúde da rapariga; a tia entrou pelo quarto com a mais pequena ao colo e olhou a outra sobrinha, deitada sobre a maca.
As lágrimas começaram a cair pelo rosto da mais velha, deixando rastos de tristeza que borratavam a ligeira maquilhagem da sua face; a mais pequena olhou-a e, com uma voz querida e completamente alheia, perguntou à sua tia o que se passava. A mais velha não conseguiu falar, simplesmente colocou a menina a olhar para a irmã e virou-a logo.
A máquina ainda fazia os pequenos barulhos da última força vital; a tia sentou-se na cadeira, colocando a menina virada para si. Tentou mentalizá-la de que a irmã morreria dentro de breves momentos e que, quando ouvisse um bip intenso e forte, a vida da outra teria chegado ao fim e que seria mais uma estrelinha, no céu, a olhar e a brilhar para ela, assim como os seus pais e a outra irmã.
A pequenina pareceu entender, mas chorou antecipadamente a perda da irmã; o choro da pequena ecoava por todo o quarto, deixando ainda mais tristeza naquele quarto.
Durante meia hora mais nada se ouviu, apenas o choro da pequena, o barulho da máquina e a tia a tentar consolar a mais nova.
Uma enfermeira, baixa e com um rosto demasiado velho para ainda trabalhar ali, entrou com um tabuleiro com alguns alimentos e água na mão; pousou sobre a mesa e fez uns gestos que insinuavam que aquilo seria para a tia e a mais pequena.
A mais velha obrigou a sobrinha a parar de chorar e comer algo, dizendo que precisava de crescer; para dar o exemplo, comeu uma sandes e bebeu uns valentes golos de água, com o intuito de se acalmar.
Mais meia hora se passou, apenas escutando o barulho da máquina que tinha em seu poder a vida da que se encontrava deitada sobre a máquina; um choro cruel voltou a romper e ecoar no quarto e, depois, a máquina fez o pior barulho de sempre, dando por acabada a vida de uma rapariga de dezasseis anos.