Hospital

-Nada, esquece. - murmurei largando um pequeno suspiro, baixei o olhar engoli a seco. - Não sei porquê, tu tens de dormir. - ripostei calmamente. Agarrei na sua mão com força e fechei os olhos.

Olhei para o seu corpo embrulhado pelos lençóis e levantei uma sobrancelha.- Batas davam jeito - suspirei e olhei para todos os lados do quarto vendo o armário. Abri-o e tirei uma das muitas batas que por ali estavam. Passei-lha e sorri, até deva jeito conhecer os cantos à casa por vir cá muitas vezes. Fiquei a olha-la durante algum tempo e só depois me lembrei que tinha que e virar - Ah, sim, ok - disse virando-me de costas - não estou a ver nada. - garanti.

-Obrigada. - agarrei na bata e ri-me. Destapei-me assim que ele se virou de costas e um pouco a custo vesti a bata - Jesse... - voltei a chamar sentindo as bochechas continuarem vermelhas - Podes apertar-ma aqui atrás? - com todas aquelas dores mal conseguia mexer-me quando mais apertar uma bata e dar não sei quantas voltas.

- Dorme também que depois eu dormo, não te preocupes comigo. - pedi suspirando lentamente. Aproximei-me um pouco e beijei demoradamente a sua testa.

Virei-me e assenti com a cabeça aproximando-me e atando a bata nas suas costas.
-O que é que te fizeram? - perguntei - deram-te alguma coisa para as dores? - Afastei-me agarrando-lhe a mão para que ela se levantasse em condições.

-Sim... - rezei para que ele não visse a ligadura e por sorte não viu mesmo. Virei-me para ele e suspendi os pés no ar. Apoiei-me na cama com uma mão e fiz força na mão dele com a outra. Pus os pés no chão e atirei-me para os braços dele rindo-me à gargalhada porque quase caímos os dois - Desculpa. - larguei-o.

-Não, faz mal, apoia-te em mim e não faças esforços - disse arranjando uma manobra para que ela parecesse bem antes que suspeitassem de nós. Peguei no telemóvel e chamei um táxi. - Pronto, vamos.

-Temos que andar muito devagarinho. - avisei aproximando-me dele outra vez e tocando-lhe no braço - Vou apoiar-me em ti, está bem? - perguntei sorrindo para ele. Encaixei o meu braço no dele e comecei por dar pequenos passos.

-Sim, nós nem estamos a fugir, estamos a dar um passeio - ri-me levemente olhando para ela enquanto andava agarrada a mim. - Mas se doer diz, não te quero pior - suspirei e sorri por já estarmos a meio do corredor e ninguém nos ter topado, eles médicos são mesmo parvos.

-Está bem. - estive calada o percurso todo porque era óbvio que estava cheia de dores, e se falasse iria denunciar-me a mim própria. Suspirei de alívio quando chegámos à porta da saída e olhei em volta vendo se via o táxi a chegar.

Vi um táxi parar à frente do hospital e agarrei nela ao colo com cuidado, mas sem avisar, dando passadas mais largar até chegar ao carro. Abri a porta e coloquei-a lá dentro sentando-me ao seu lado. - Estás bem? - perguntei e disse ao homem para onde era para ir.

Arregalei os olhos quando ele me pegou ao colo mas fiquei calada e enrolei os braços à volta do seu pescoço para me sentir mais segura - Estou. - menti. Pus o cinto com alguma dificuldade e recostei a cabeça no banco.

-É impossível não me preocupar contigo. - murmurei baixando o olhar, enquanto ele me beijava a testa eu levantei a cabeça beijando-o não na testa mas nos seus lábios, intensifiquei o beijo dando-lhe a mão em seguida. - és tão importante para mim. - murmurei mal. - não voltes a sair da minha vida.- pedi.

Deixaram-me ir com o Jev na ambulância mas não me deixaram estar com ele no quarto de hospital enquanto os policias não lhe fizesse as perguntas. Sentei-me na sala de espera enquanto batia com o pé à espera que me deixassem ir vê-lo.

Quando acordei estava num quarto de hospital... ai merda. Disseram-me que eu tinha de ficar no hospital durante dois ou três dias para observação, porque a pancada que o outro me tinha dado foi bem forte.
Os polícias vieram falar comigo e o Winchester estava quase a morrer, tive uma pontaria do caraças e cortei uma artéria ou uma veia bué importante para viver... também não se perdia grande coisa, mas como o esfaqueei em defesa, não me iriam fazer nada. O Rixon iria ser julgado.
Contei-lhes tudo desde o momento em que comecei a trabalhar para ele, falando da maneira como ele me chantageava, até agora e entreguei-lhes a pen, não queria aquilo para nada.
-Podia trazer a Jade? - perguntei à enfermeira assim que os polícias saíram.

Levantei-me assim que uma enfermeira veio ter comigo e seguia-a até ao quarto do Jev. Depois de avisar que ele tinha de ter cuidado porque não podia fazer esforços, saiu. Olhei para ele e suspirei - Estás bem?..

Sorri levemente quando Jade entrou no quarto.
-Mehhh, umas porcarias na cabeça, o corpo dorido... tirando isso estou bem - disse - E tu? Estás bem? Isto deve ter sido demasiado para ti

- Eu estou ótima. - sentei-me na cama ao lado dele - Quem está na cama de hospital és tu, eu ando por aqui na boa.

-Ainda bem - sorri - O Rixon foi preso e o teu pai se sobreviver também vai - disse meio grogue.

Fiz-lhe festas no cabelo e sorri - Eles não te vão fazer nada pois não? Tu foste chantageado... não tens culpa..

-Não me vão fazer nada porque eu lhes dei imensa informação - sorri com as suas festas no cabelo - Não é melhor ires para o colégio? - perguntei apesar de não querer que ela fosse.

- Não, eu vou ficar aqui contigo até melhorares. - sorri-lhe.

-Não precisas - murmurei pegando na sua mão - A sério...

Apertei a mão dele e olhei-o - Vê lá se não queres que te dê porrada.

-Acho que já chega de porrada por hoje - senti-a a apertar a minha mão - Podias-me dar um beijinho - fiz um sorriso inocente.