Cascata

Relembrando a primeira mensagem :

Suspirei deixando que o meu coração batesse a mil á hora, fechei os olhos e abracei-o. Dei-lhe um beijo leve no ombro onde o meu queixo estava apoiado e voltei a deitar a cabeça novamente.

David, David... - pensei para mim mesmo. Passei um braço para cima dos seus ombros deixando que a sua cara viesse para junto de mim, e dei-lhe um beijo na testa.

Sorri ao sentir os seus lábios na minha testa. Coloquei os meus braços a volta dele puxando-o totalmente para mim, sentia-me ...estranhamente estranha.

Olhei para Rose, sorrindo carinhosamente. Não sabia se havia de dizer algo ou simplesmente ficar calado.

- Gosto de te ter assim. - murmurei contra ele e olhei-o nos olhos, sorri novamente de forma amorosa e engoli a seco.

Sorri novamente. - Eu também... - murmurei baixo. - Rose... - hesitei antes de perguntar-lhe isto. - Tu... gostas de mim? - perguntei, baixo e gaguejando.

Baixei o olhar engoli a seco, as minhas mãos ficaram um pouco suadas e afastei-me dele um bocado para o poder olhar nos olhos. - Eu tenho medo de te dizer...mas...eu não gosto de mentir. - engoli a seco novamente e pausei. - eu...eu...acho que tu já percebeste que não me és indiferente.

Olhei-a nos olhos e assenti concordando com ela. Não sabia o que fazer... estava totalmente perdido no tempo. Ela também não me era indiferente, mas... havia algo que me dizia para estar quieto, e algo que dizia para continuar.

-Por isso... - suspirei. - Acho que sim, ou melhor, até tenho a certeza. - baixei o olhar e fechei os olhos, tinha medo do que podia vir a acontecer. Procurei a sua mão com a minha e apertei-a após entrelaçar todos os nossos dedos. - E tu? - perguntei a medo, murmurando. Podia sentir o meu coração a bater cada vez mais depressa, engoli a seco e larguei a sua mão antes de sequer ele me responder. Se é que o vai fazer... - Não me mintas, é só isso que te peço. - olhei para ele, sentindo novamente a dor no ombro...boa o efeito do comprimido tinha acabado de passar.

Olhei-a nos olhos por algum tempo, baixando depois o meu olhar para os meus ténis. Não sabia realmente o que lhe responder, nem eu sabia o que sentia... - Rose... - hesitei antes de continuar. - Eu não sei... estou totalmente confuso. - admiti baixo.

-Eu percebo-te. - murmurei e passei a minha mão sobre a sua cara. - O teu coração é que manda, mas...eu... não quero deixar de ser tua amiga. Não quero ter estragado nada. - olhei-o nos olhos.

- Claro... isso não vai acontecer. - tranquilizei-a, ainda com o olhar baixo, mas depois lá a olhei.

Olhei-o nos olhos mais uma vez. - Mas...David. - fiz uma pequena pausa. - obrigada.- murmurei sorrindo.

- Mas? - perguntei olhando-a. - Não tens de agradecer...

- Esquece. - pedi enquanto tirava um dos comprimidos para a dor do ombro e das costas e engoli-o com água.

De certeza que ela estaria a tomar um comprimido para a dor do ombro, que ainda não me tinha dito do que tinha sido. - E agora que me contas, o porque desse ombro assim? - perguntei, olhando-a nos olhos.

Baixei o olhar e engoli a seco. - Não queres ouvir. - murmurei e suspirei. Fiquei algum tempo a fitar o chão ,calada, totalmente embebida nas minhas memórias.

Suspirei, Rosalie era mesmo teimosa. - Se te perguntei, foi por alguma razão...

- Foi o Samuel - murmurei. - Ex-namorado, mas não interessa. - levantei-me indo até á beira de água.

Não disse nada. Fogo, como um gajo tinha lata para fazer aquilo a uma rapariga? Era preciso ser mesmo estúpido.

Descalcei as vans e molhei os pés na água quente da cascata, para me entreter apanhei algumas pedras e depois atirei-as para a água fazendo a pedra andar sobre a água. Passado algum tempo calcei os sapatos novamente e fui ter com ele sentando-me a seu lado.

- Queres ir andando? - perguntei. Na verdade não faziamos aqui nada.

- Sim, pode ser. - murmurei. - Passa pelo meu quarto tenho que te dar a sweat.- pedinchei num murmúrio perto de si e larguei um pequeno suspiro.

Levantei-me rapidamente. Olhei-a dando-lhe a mão para que se levantasse. - Vamos então? - perguntei.

Agarrei a sua mão e levantei-me agarrando na minha mala, comecei a andar sem reparar que as nossas mãos ainda estavam juntas. Olhei-o nos olhos e larguei-as continuando a andar em silêncio.