Ruas

Suspirei e puxei-a para mim, abraçando-a - Já está tudo bem - beijei a sua cabeça - Ele não te volta a tocar, não tens de te preocupar com isso

Encostei a minha cabeça ao seu peito. - Não, não está tudo bem, estás magoado e a culpa é minha. - suspirei. - E não quero que o voltes a fazer... - acrescentei.

- Eu estou bem, não te preocupes - murmurei, afastando-a para a poder olhar - Eu voltaria a repetir tudo - acariciei a sua bochecha e beijei os seus lábios suavemente

Fechei os olhos lentamente ao sentir os seus lábios sobre os meus. - Porque que o voltarias a repetir? Conheces-me há tão pouco tempo... - perguntei curiosa.

- Porque fazia, eu iria fazer tudo outra vez apenas porque sim - suspirei e voltei a abraça-la - vamos sair daqui

Suspirei por não me ter respondido como deve de ser à minha pergunta. - Vamos, mas vais para o meu quarto para te desinfectar isso. - informei-o e fomos até ao colégio.

Saímos do colégio e fomos para as ruas de S.Francisco.
Já estava quase a anoitecer e infelizmente haviam demasiados sem-abrigo.
Após termos andado um bocado, encontrámos um senhor que era cego.
Aproximei-me dele e comecei a falar:
-Boa noite senhor - disse e ele respondeu - Eu e a minha amiga fizemos um bolo e queremos saber se o senhor gostava de ficar com uma fatia...
O senhor sorriu e nós demos-lhe a fatia, ele agradeceu e nós fomos embora.

Andamos mais um pouco na rua.
- Falas tu. - ri-me.

-Não, não, tu também tens de falar - sorri - Eu não posso ser o único a falar!

Dei-lhe um pequeno empurrão.
- Tens mais jeito que eu.

-Está ali outro, vá tu consegues - empurrei o seu ombro com a cabeça e fomos ter com o outro mendigo.

Fiz-lhe uma careta e baixei-me perto do mendigo.
- Boa noite. - sorri amavelmente. - Eu e o meu amigo, fizemos um bolo, quer uma fatia? - perguntei. Ele respondeu-me e eu tirei uma fatia da caixa que tínhamos trazido e entreguei-lha.

-Vês? Não custou nada - sorri e repetimos o mesmo processo até as fatias se acabarem.
-Pronto, eu disse, eles ficaram contentes e com algo doce para comer - sorri.

Deitei a caixa de papel para o lixo.
- Queres ir fazer algo?

-Que tens em mente? - perguntei olhando em volta para o que poderia haver para fazer àquelas horas.

Aproximei-me dele.
- Queres ir a uma discoteca ou um bar?

-Podemos ir à discoteca, não fica muito longe daqui - coloquei um braço em volta dos seus ombros.

Rodeei a tua cintura.
- Vamos, então.

Saímos da discoteca e fomos para a rua.
-Os gajos ficaram mesmo passados - ri-me.

Agarrei a sua mão.
- Deixa-os estar, não 'tou preocupada.

Acariciei a sua mão e entrelacei os nossos dedos.
-Com quem estás tu preocupada, então? - perguntei.

Encolhi os ombros.
- Neste momento, com ninguém.

-E se eu começasse a dançar aqui agora contigo? - perguntei puxando-a para mim.

Pousei as minhas mãos no seu peito.
- Hum... acho que não havia problema.

Segurei-a pela cintura e agarrei na sua outra mão, começando a dançar lá no meio da rua, ao mesmo tempo que cantava baixinho ao seu ouvido.