Bairro Social

Assustei-me com um estrondo e depois senti-me ser empurrada por Jaden; fiz o que me mandou, saindo pela janela e indo até ao local onde tinha deixado o carro.
Entrei no mesmo e tirei o telemóvel do bolso, olhando para o mesmo.
O que se passa? escrevi. Estou à entrada do bairro, no carro... Precisas de alguma coisa?!

Quando recebi a mensagem de Mel olhei em volta e vi o carro pequenino dela. Fui até ao mesmo e bati no vidro.

Abri o vidro e olhei-o, arregalando os olhos ao vê-lo com sangue.
- Estás bem? - murmurei com o coração nas mãos.

- Leva a Jo para o colégio por favor.. - disse apenas com ar abatido.

Assenti levemente.
- Posso levar a Jaz, também... - olhei para as irmãs dele; voltei a olhar para ele. - Depois deixa-me tratar-te disso. - pedi baixo.
Abri a porta do outro lado do carro para elas entrarem.

- Quero ficar com o Jaden.. - disse Jaz.
- Entra na puta do carro, caralho! - ela suspirou e entrou. Olhei Mel nos olhos - Eu vou lá ter.. - disse e virei costas indo ter com os meus pais. Pus o braço que não estava ferido à volta do ombro da minha mãe e o meu pai foi "a rastejar" de bebedeira. Aposto que a falta dinheiro é culpa dele que quer sempre bebida.

Suspirei e olhei-as, vendo se estavam com o cinto e em segurança; peguei no saco das gomas e pus no colo de ambas para elas comerem e verem se se distraiam.
Arranquei com o carro e só parei no colégio.

Quando chegámos fomos até minha casa e entrámos. Jo foi a correr ter os pais e eu fui atrás até ouvir um grito seu. Fui a correr até ela - Que foi? - disse e olhei em frente. Os...os nossos pais estavam m..mortos. Fiquei segundos petrificado a olhar os seus corpos cheios de sangue e depois lembrei-me que tinha de tirar Jo dali. Peguei nela e encostei a sua cabeça ao meu peito e fui ter com elas.
- Que se passou? - perguntou Jaz. Fiquei a olhar Jaz sem lhe conseguir responder.
- Fala Jaden!!! - disse ela a abanar-me e como via que não tinha reação correu, creio eu, para o quarto dos pais.
- Leva-a daqui - disse dando Jo a Mel.
Ouvi Jaz também a gritar e a começar a chorar fechei os punhos e fui buscá-la.
- LARGA-ME!!! - gritou-me e eu dei-lhe um chapadão para que se acalmasse e ela abraçou-me. Peguei-a ao colo e fui ter com Mel ao carro.
- Leva-a também - disse e pus Jaz no carro e voltei a casa. Cabrões de merda, filhos da puta. Dei pontapés em tudo o que era sitio. Saba perfeitamente quem o tinha feito. Eles não deviam ter voltado...eu não devia ter deixado... Suspirei e fui ao quarto e abracei-os beijando as suas faces. Algum tempo depois fui enterrá-los e limpei os vestigios da casa. Cansado sentei-me no sofá pensando no que havia acontecido.

Embalei Jo enquanto a levava para o carro, tentando acalmá-la. Algo se tinha passado. E muito mau!
Sentei-a no carro e depois Jaz entrou também, sentada por Jaden. Olhei-o por momentos e suspirei, abanando ligeiramente a cabeça.
- Eu vou levar-vos, sim? - falei-lhes baixo.
Liguei o carro e conduzi para o bungalow. Quando lá cheguei, deixei-as entrar e mandei uma mensagem a Jaden.

Tenha acontecido o que for, traz todas as vossas coisas. Vamos arranjar solução, okey?
Mel

P.S.: Por favor, continua a aceitar a minha ajuda.

Entrei no bungalow e levei-as até à cama; continuavam a chorar, agora abraçadas; coloquei-me de cócaras e olhei-as.
- Vou trazer chocolate quente e algo bom para comerem, está bem? Para depois descansarem. - murmurei. - Não chorem, princesas. - pedi baixo.
Fui fazer o que disse.

O telemovel tocou mas eu nem quis saber e deixei-me estar como estava e acabei por adormecer. Não dormi muito porque não conseguia, só pensava nos meus pais e na vingança que ia fazer por ele. Suspirei e fechei os punhos, fechando também os olhos com muita força. Hoje não dava para fazer o que queria, não estava bem, mas eu ia voltar e ia-me vingar de todos eles. Respirei fundo e levantei-me. Saí de casa e fui para o bungalow.

Cheguei ao bairro e sorrateiramente fui ter à minha casa. Dirigi-me ao meu quarto e levantei o colchão da cama e tirei as duas armas que lá tinha, pondo-as à cintura. Abri a gaveta e tirei a faca que o meu avô me tinha deixado como herança e coloquei à cintura também. Saí de casa e fui ter com gang. Supostamente estariam a dormir. Estudei o "campo" primeiro e de seguida entrei em casa em silêncio. Que raio tinha eu na cabeça, era só um e ele muitos. Agora já estava lá. Olhei um a dormir no sofá e saquei da faca espetando-a no coração enquanto lhe tapava a boca para não se ouvirem os seus gemidos de dor. Fechei os olhos com força e rodei a faca lembrando-me da minha mãe e do meu pai e depois arranquei-a, limpando-a no sofá e voltando a guardá-la. Estava morto...engoli em seco e comecei a chorar, odiava a realidade em que vivia e odiava ainda mais o facto de também me ter tornado num marginal. Respirei fundo, esperava que os outros 3 estivessem no mesmo compartimento. Entrei no quarto e lá estavam 5 pessoas, os 3 que já tinha falado, o puto e uma senhora. Se calhar era mãe dele. Saquei da pistola e...tumba num, noutro e no último, não lhe dando se quer oportunidade de se levantar. O puto e a mãe acordaram e olhei-os cheio de lágrimas nos olhos enquanto eles imploravam para que os poupasse. Ele tinha abusado da minha irmã, não tinha pena quase nenhuma e mãe....que poderia eu fazer? Também não pensaram nas minhas irmãs quando mataram os nossos pais. Engoli em seco com a arma apontada ora para um ora para noutro. E eles continuavam a implorar.
- CALEM A BOCA! - gritei-lhes. Olhei o puto e lembrei-me de tudo o que aconteceu até agora, de mau. O abuso da minha irmã, ter posto a Mel e a minha familia em risco e a morte dos meus pais. Tumba, certeiro na testa. A mãe começou a chorar desalmadamente e eu relembrei-me de Jaz e Jo a choraram pelos nossos pais.
- Tens mais alguém? - perguntei com voz fraca. Ela negou cheia de medo e acabei por matá-la também. Ajoelhei-me ao chão a chorar pelo que tinha feito e ainda pelo que tinha perdido. Algum tempo depois levantei-me e as poças de sangue já quase me alcançavam. Corri para fora dali e voltei para o bungalow.