Cascata

Relembrando a primeira mensagem :

- Não chores... - disse limpando-lhe as lágrimas e beijando a sua bochecha - Eu vou-me já embora...não te faço mais nada....

Suspirei olhando para ele. Encolhi os ombros não conseguindo evitar que as lágrimas continuassem a cair.

Retirei lentamente a fita cola da sua boca para não lhe magoar e beijei levemente o seus lábios - Uma vez na vida faz o que te digo... - suspirei e voltei a tapar a sua boca. Apanhei a minha mochila e dei-lhe um beijo na bochecha saindo de seguida e deixando a chave no chão ao pé da porta. Suspirei e fui-me embora.

Suspirei de alívio ao aperceber-me que ele não iria fazer-me mal. Fiquei a olhar para ele quando ele começou a arrumar as coisas. Queria pedir-lhe para não me deixar ali sozinha mas não podia falar... Olhei-o a sair dali e suspirei sentindo as lágrimas novamente a correr pelo meu rosto. Como é que eu ia sair dali? Ninguém ia aparecer ali naquele fim de mundo...

Fui diretamente para a casinha e vi-a ali, em pé, quieta. - Ainda estás aqui? - perguntei aproximando-me - Pensei que te irias soltar. - disse tirando-lhe a fita cola da boca, agora com menos gentileza.

Nunca mais aparecia ninguém, já começava a achar que ia mesmo morrer ali quando ele entrou por ali novamente. - Como é que ia sair daqui? - perguntei quando ele me tirou a fita cola da boca. - Ias deixar-me aqui a morrer... - resmunguei revirando os olhos. - E tira-me o resto da fita cola. - pedi.

- Calma eu vou tirar - disse sorrindo - Está pregado o susto? - perguntei retirando a navalha e passando-lhe pelo braço para lhe assustar. Ri-me e cortei a fita cola dos braços seguidos dos pés.

- Está. - murmurei olhando para a navalha a passar pelo meu braço. Deixei-me cair para o chão quando ele finalmente me tirou aquela fita cola, massajei os pulsos que já me doíam. - Porque é que voltaste? - perguntei olhando para ele.

- Tive de ver se ainda estavas cá...não te ia deixar aqui a morrer -.- - revirei os olhos e retirei a mochila das costas e retirando de lá uma manta. - Toma, deves estar com frio aí toda despida...

- Ai não? Pensei que era isso que querias. - revirei os olhos e peguei na manta que ele me dava embrulhando-me nela. - Tu... és estranho. - disse.

- Só te queria pregar um susto mais nada... - disse e sentei-me à sua frente - Tem dias...cá para mim preferias ter ficado aqui a morrer...

E conseguiste, pensei para mim. - Não preferia nada... sabes, acho que ainda sou muito nova para morrer. - encolhi os ombros e suspirei.

- Eu também acho, ainda tens muitos gajos para foder - ri-me - Trouxe comida... - disse e tirei as duas baguetes - Uma para ti outra para mim, é para comeres.

- Pois, muitos gajos... incluindo tu... - gozei revirando os olhos. Peguei na baguete e olhei-a. - Não está envenenada pois não? - perguntei. - É que estou a achar estranho tanta simpatia...

- Está, não comas...sabes, antes de ta entregar esfreguei-a no chão - revirei os olhos - Já para não falar no veneno. - voltei a revirá-los - Não estou a ser simpático só não te quero doente - disse dando uma dentada na minha. - Ainda me queres comer, tu?

- Humm então isso quer dizer que posso comê-la. - ri-me. - Pois não é simpatia isso... estás apenas preocupado comigo. - disse. - Já estou a comer a baguete... - gozei e dei uma trinca. - E está muito boa...

Revirei os olhos - Posso me ir já embora e voltas sozinha...e já agora levo as coisas também -.- - Não fui eu que a fiz, é do colégio, ah e estás-me a dever o dinheiro da baguete...ah e do sumo - tirei o sumo da mal e atirei-o ao ar agarrando-o e entregando-lhe. Apanhei outro para eu beber.

Dei uma gargalhada. - Eu não te devo nada... tu é que me deste a bagueta. - peguei no sumo quando ele mo deu. - E o sumo... - sorri-lhe.

Olhei-a com cara de desprezo -.- - Eu não te dei...eu emprestei... e come rápido quero ir dormir, não tenho a tua vida..

Revirei os olhos. - Olha dorme aí... deve ser confortável o chão. - dei uma pequena trinca e bebi mais um pouco sempre devagar só mesmo para gozar com ele.

- Epá despacha-te!!! Olha que me vou embora, miuda! - resmunguei já a metade da baguete.

- Aii está bem. - revirei os olhos e continuei a comer. Acabei de beber o sumo e pousei o resto da baguete. - Pronto já comi. - disse revirando os olhos.

- Não vais comer a baguete toda? - perguntei olhando-a a colocá-la em cima da mochila e acabando de comer as minhas coisas.

- Não. - respondi olhando para ele. - Não me apetece mais. - disse. - Se tiveres assim... muita fome, podes comer o resto. - gozei.

- E eu pensar que ias estar a morrer de fome -.- - revirei os olhos e apanhei a baguete, comendo-a. - Bora...quer dizer...veste isto... - retirei a roupa que tinha trazido e entreguei-as - Estão lavadinhas não te preocupes.