Exterior

Agarrei no Chris e embalei-o no meu colo enquanto via o Keith a atirar-se à piscina e sair - Shh bebé. - dei-lhe beijinhos na testa. - Kitty?.. - chamei-o pelo nome de sempre e num tom mais baixo para não assustar o Chris que se tinha calado - O que se passa?

Assim que voltei ao pé dela a tremer olhei-a nos olhos abanando a cabeça.
-Eu acho que matei a Lucy - murmurei apenas.

Puxei-o para dentro de casa e fechei a porta. Engoli em seco e passei a mão pelas costas do Chris - Porquê? O que é que se passou?

Passei as mãos pela cara e depois pelos braços por causa do frio.
-Porque é que estás com os olhos tão verdes? - perguntei aproximando-me dela e olhando para eles durante alguns segundos - aiii parece que estão vivos - disse fechando-os e olhando para Chris. - afasta-o de mim - virei-me de costas novamente.

- Porque os meus olhos são verdes. - respondi-lhe encolhendo os ombros - E porque acho que andaste em coisas que não devias.. - suspirei. - Ele vai para o bercinho com a Kath. Agora tu vens comigo. Vais tomar um banho quente e vestir uma roupa do Will porque vocês os dois ficam cá e não há discussão. E enquanto tomas banho eu faço-te uma chavena de café. - puxei-o para subir as escadas.

-Não - murmurei abanando a cabeça - eu não quero - disse passando a mão pela bochecha tentando não me lembrar do que se tinha passado - Eu pensava que era a Ger - solucei - não foi por mal, não foi.

Agarrei no meu telemóvel e olhei para ele. Tinha montes de mensagens de voz, de texto e de chamadas não atendidas, tanto do meu pai, como da minha irmã, como de Suzy e como de Alex. Suspirei apagando tudo e teleefonei a Suzy.
-Oh graças a deus, tu estás bem! - disse ela. -Nós chegámos a casa e... a... ela nem falou, apenas... - Suzy soluçava. - Assaltaram-nos, onde estás Keith? - perguntou agora Kyle que estava ao telemóvel.
-Em casa de amigos - disse apenas não mencionando mais nada - trata da tua mãe Kyle, até... um dia. - desliguei ficando na espreguiçadeira a olhar para o ceu. A sério? Um assalto? E eu...

Coloquei o pão na torradeira e fiz sumo de laranja. Assim que estava tudo pronto, coloquei tudo num tabuleiro e levei para o exterior - Ao menos estás sossegadinho. - sorri e sentei-me no colo dele.

-Eu sou um rapaz muito sossegadinho - sorri abraçando a sua cintura e beijando-lhe o ombro - está quentinho hoje - olhei para a comida à nossa frente e tirei uma torrada dando uma trinca. - podíamos passear - fiz uma careta e desviei o meu olhar para a cave, onde Keith estava a desenhar enquanto nos olhava.

- O que tu mais és é sossegadinho. - gozei. Tirei uma torrada também e sorri - E levavamos os bebés?

Assenti à sua pergunta e beijei-lhe o queixo.
-Se ele não estiver em condições de cuidar do Chris sim. - disse apontando para ele e bebendo um bocadinho de sumo. - Ele deve ter saudades do pai.

Olhei para o Kitty e sorri ligeiramente - Ele também tem saudades do Chris. E assim iamos os dois mais a Kathzinha passear. - disse sorrindo e beijei-o.

Assenti beijando-lhe o queixo e o pescoço. Encostei a cabeça ao seu peito e comi o resto da minha torrada ficando encostadinho a ela enquanto acabávamos de tomar o pequeno almoço

Era de noite, mesmo muito de noite, quer dizer, quase de noite, porque já estava a amanhecer. Aconteceu alguma coisa mas só me apercebi passado algum tempo que tinha caído. Ri-me baixinho calando-me de seguida e vi Ger a rir-se e Luxy apenas a olhar-me.
-Vocês estão engraçadas - brinquei levantando-me de novo e batendo com a cabeça em algures.
- Au - resmunguei passando a mão pela cabeça e indo de novo para dentro de casa, ou quase dentro de casa, porque tinha-me deitado entre a porta de entrada para a sala e o exterior. Virei-me de barriga para baixo e suspirei.
-Vou dormir. - disse adormecendo num instante.

Sentei-me a comer a maçã no banco encostando os pés à mesa enquanto via as luzes de algumas pessoas que estavam na praia mesmo sendo de noite. Devia falar com o meu pai e com a minha irmã mas eles já deviam saber o que tinha acontecido, quer dizer... não o que eu tinha feito, mas o que tinha acontecido e espero que compreendessem que precisava de tempo.
encostei Chris ao meu corpo dando-lhe festinhas nas costas e na cabecinha, vi-o sorrir para mim e levar a mão à boca adormecendo no meu colo.

Abri os olhos devagarinho quando o sol invadiu todo o quarto e enfiei a cabeça na almofada, sentindo um cheiro que não o meu. Pois, Keith. Esfreguei os olhos devagarinho e levantei-me indo até à casa de banho, para tomar um duche. Quando terminei, [Tens de ter uma conta e sessão iniciada para poderes visualizar este link] e sentei-me na cama, olhando para as paredes do quarto sem saber o que fazer. Deviam estar todos a dormir, ainda era cedo. Olhei a minha guitarra pousada ao pé do armário e mordi o lábio, levantando-me e pegando nela. Desci, indo para o jardim e sentei-me num dos sofás. Fiquei uns minutos a olhar a praia e depois de respirar fundo, abri o saco da guitarra, para a tirar de lá. Quando o fiz, um papel esvoaçou do mesmo e depois de cair no chão, o meu olhar prendeu-se nele. Era uma foto. Uma foto gasta pelo tempo, uma foto de infância, uma recordação. Eu, os meus pais e a minha irmã, eram o que eu costumava chamar de família. Limpei uma lágrima, colocando a guitarra ao meu colo e fixei o meu olhar na fotografia pousada no chão.
- Hello, hello..anybody out there? Cause I don't hear a sound.- olhei em frente, sentindo o vento matinal secar-me as lágrimas.- alone, alone..- era assim que me sentia.- I don't really know where the world is but I miss it now.- baixei o olhar para a guitarra.- I'm out on the edge and I'm screaming my name like a fool at the top of my lungs...sometimes when I close my eyes I pretend I'm alright but it's never enough.- passei a língua pelos lábios e fechei os olhos.- cause my echo, echo is the only voice coming back... shadow, shadow, is the only friend that I have.- parei de tocar por uns minutos, tentando parar as lágrimas.- listen, listen, I would take a whisper if.. that's all you have to give...but it isn't, isn't.- abanei a cabeça.- you could come and save me try to chase it crazy right out of my head.- toquei com mais convicção.- I'm out on the edge and I'm screaming my name like a fool at the top of my lungs...sometimes when I close my eyes I pretend I'm alright but it's never enough. Cause my echo, echo is the only voice coming back... shadow, shadow, is the only friend that I have.- fechei os olhos.- I don't wanna be down and I just wanna feel alive and get to see your face again once again...just my echo, echo...Youre my only friend.- engoli em seco.- hello, hello?Anybody out there?...

Desci as escadas, já que não tinha conseguido dormir mais por causa da luz e agarrei num iogurte indo para o jardim. Suspirei quando ouvi uma voz com uma guitarra e tapei os ouvidos indo para a minha espreguiçadeira desenhar.

Levantei o olhar da guitarra quando ouvi barulho e passei as mãos pela cara, quando vi que era Keith. E..tinha tapado os ouvidos? Pousei a guitarra para não o incomodar mais, e abracei os meus joelhos.
- Desculpa.- murmurei.- eu pensei que estavam todos a dormir.

Encostei as costas à espreguiçadeira tentando desenhar de um angulo melhor e encolhi os ombros.
-Continua à vontade, eles estão a dormir. - disse mandando para a piscina um papel.

Levantei-me, colocando uma mecha de cabelo atrás da orelha e fui sentar-me na espreguiçadeira ao lado da dele.
- Não quero.- abanei a cabeça.- o que estás a desenhar?

Voltei a encolher os ombros.
-Nada de jeito - respondi-lhe olhando para o mar e para as pessoas que já estavam na praia reproduzindo tudo para o papel.

Espreitei para o seu desenho e revirei ligeiramente os olhos.
- Se eu desenhasse como tu acredita que não seria assim tão modesta.- mordi o lábio, olhando para o mar, fechando os olhos ao sentir o cheirinho a maresia.

Revirei os olhos e suspirei mandando novamente o papel para a piscina.
-O silêncio também é importante. - disse olhando voltando a desenhar outra coisa.

Mordi a parte de dentro da bochecha com o que ele disse e afundei-me na espreguiçadeira, calando-me. Era oficial, eu só fazia porcaria, já para não falar de incomodar. Suspirei e fixei o meu olhar na praia, não dizendo mais nada.

Quando acabei era para atirar para a água mas acabei por encolher os ombros e dando-lhe o desenho que tinha feito dela, naquele mesmo sítio, nela posição enquanto olhava para o mar. Agarrei no bloco e nos lápis e levantei-me indo comer alguma coisa para a cozinha.