Sala de Estar

-Nem vale a pena dizer. - endireitei-me - A tua mãe disse-me umas coisas mas eu não acredito nela. Não posso acreditar nela! - exclamei bastante frustrado com tudo aquilo - Foda-se! - dei um pontapé numa cadeira que caiu ao chão.

Coloquei a minha mão sobre a sua perna. - Deixa-me adivinhar... disse-te que a Sophie não era tua filha. - suspirei, tendo quase a certeza que era isso porque me tinha dito no quarto da pequena Sophie.

-Disse. - respondi irritado não com ela mas sim com a puta da mãe. Puxei-a para mim e abracei-a com força pousando a mão nas suas costas - Não é verdade pois não? - beijei-lhe a bochecha.

Gemi de dor novamente quando ele me tocou nas costas. - Amor, nas costas não... por favor. - supliquei. Abracei-o também puxando-o para mim. - Não, claro que não. - suspirei. - Se quiseres podes fazer um teste... - murmurei baixo. Era apenas com ele que tinha dito relações sexuais por isso não tinha problemas se ele quisesse fazer o teste.

-Não, não quero fazer teste nenhum. - abanei negativamente a cabeça e pensei duas vezes antes de lhe voltar a tocar nas costas - O que se passa com as tuas costas? - perguntei - Há bocado não tinhas nada nas costas.

Engoli em seco quando me perguntou o que se passava nas minhas costas. Eu tinha de lhe contar... mas não sabia como. Desviei o meu olhar dos seus olhos e permaneci calada.

-Já não estou a gostar nada disto. - levantei-me e dei-lhe a mão para ela se levantar também. Virei-a de costas para mim e levantei-lhe a blusa deparando-me com as suas costas todas negras e em muito mau estado - Philippa foi ela que te fez isto? - gritei.

Virei-me para ele, abraçando com bastante força, e não consegui e comecei a chorar contra o seu peito. - Ela... empurrou-me...- disse com a voz tremida. Eu nunca tinha contado nada a ninguém sobre o que ela sempre me fez.

Acolhi-a nos meus braços e apertei o seu corpo contra mim beijando-lhe a bochecha e os cabelos desesperadamente - Eu vou levar-te ao hospital. - disse decidido - E depois vamos à polícia fazer queixa dessa mulher.

Comecei a chorar ainda mais quando ele disse que queria ir à polícia. - Não, por favor Matt. - supliquei. - Não... vamos a lado nenhum. - pedi desesperadamente sem olhar para ele, permanecendo com a cara enterrada no seu peito.

-Amor eu sei que é difícil mas tem que ser. Não podemos deixar que ela se escape depois de te magoar desta maneira. - obriguei-a a olhar-me nos olhos - Ela já te tinha feito isto alguma vez? - perguntei diretamente.

Limpei rapidamente todas as minhas lágrimas com a palma da minha mão, mas estas pareciam não quer parar de cair. - Não, não, por favor. Promete-me que não vamos a lado nenhum. Matt por favor, não me faças isto. - supliquei mais uma vez com um tom de voz onde era notório medo e mais qualquer coisa. - Quando era mais pequena... - admiti baixo.

-Ainda me dás mais razão! O teu pai sabe disto? Não me parecia que se ele soubesse a deixasse fazê-lo. - a verdade era que tinha gostado bastante do pai dela mas agora não havia tempo para pensar nessas coisas - Eu sei que te custa muito e que dói mas nós vamos fazer queixa dela. - repeti determinado - Eu vou estar aqui para te apoiar.

Olhei-o nos olhos com um olhar de medo. - Matt... - chamei. - Tu não entendes se eu o fizer ela é capaz de tudo para nós separar! - respirei fundo. - Tudo, Matt... - voltei a repetir, afastando-me dele e sentando-me no sofá.

-O que é que ela pode fazer? - sentei-me ao lado dela e agarrei-lhe na mão apertando-a com força - Eu gosto de ti, tu gostas de mim e eu nunca vou acreditar em nada do que ela possa dizer contra ti. - encolhi os ombros.

Estive algum tempo calada pensando no que ela podia tentar fazer para nos separar. - Sei lá... ela pode fazer queixa de ti, porque era menor quando fizemos a Sophie... - murmurei mesmo sem saber se ele sabia que eu tinha feito anos nos três mesmo em que não nós tínhamos falado. - Não tenho dúvidas que era capaz de me tirar de vocês dois... - murmurei referindo-me a Sophie.

-Não tenho medo dela. - abanei negativamente a cabeça. Levantei-me e puxei com ela mas com algum cuidado - Vamos para o hospital, vou buscar a Sophie. - subi as escadas a correr e tirei a pequenina do berço. Coloquei-a no ovinho rapidamente e voltei para a sala - Estás pronta? Não te esqueças da identificação que vai ser precisa na polícia. - lembrei.

Sentei-me novamente no sofá, continuando a dizer que não ia a lado nenhum. - Matthew, eu não vou a lado nenhum! - resmunguei chamando-lhe pelo seu nome próprio coisa que raramente fazia.

-Se não vais a lado nenhum eu vou chamar a polícia cá a casa e aí vão ser eles a tomar as medidas necessárias. - ameacei. Não queria forçá-la a nada e talvez noutras circunstâncias deixasse passar mas, porra! Ela tinha as costas todas negras.

- Não, por favor. - voltei a pedir. Suspirei olhando-o nos olhos. - Eu vou contigo ao hospital se dizer que cai, e não vamos à polícia... por favor, amor. - pedi novamente mexendo nas suas mãos.

-Eu juro que não quero ver-te mal mas por favor não me faças prometer isso. Eu não posso deixar que ela continue por ai a andar enquanto tu estás nesse estado físico e emocional. - toquei-lhe na face - Agora sou eu que te peço... Por favor, não me obrigues a prometer algo que sei que não posso cumprir. - baixei o olhar.

Fiz com que ele olha-se para mim. - Só quero que me digas que não vamos à polícia, mais nada. - pedi novamente. - Faço tudo o que quiseres menos ir à polícia. - admiti começando novamente a desesperar.

-Philippa nós vamos à polícia. - contrariei - Nem penses que eu vou deixá-la escapar impune. Preferes que eu vá à polícia ou que vá ter com ela e faça justiça pelas minhas próprias mãos? Só tens uma escolha. - dei-lhe tempo para pensar.

- Não, não vamos! - refilei mais alto que eu. - E tu não vais fazer absolutamente nada! - resmunguei. Puxei-o mais para mim. - Por favor... - disse num tom mais baixo.

-Está bem. - menti. Se era preciso chegar a este ponto para a justiça ser feita era o que tinha que fazer. Tudo para proteger a minha família, as minhas razões de viver - Mas vamos para o hospital. - dei-lhe um beijo nos lábios.