Bar de altérne

Fui o caminho todo a mexer no cabelo, nervosa com o facto de ir sozinha mas era o melhor. Assim Francis ficava de fora disto tudo e ele não se envolvia ainda mais nos meus problemas.
Cheguei à porta do bar e olhei para ela, ficando uns minutos a respirar fundo e a ganhar coragem. Apertei a mala contra mim e entrei, esperando encontrar quem procurava e para minha sorte ele estava lá sozinho.
- Então princesa, que fazes tu aqui ? - perguntou e eu respirei fundo.
- Eu vim dar o dinheiro da droga e dizer que não trabalho mais neste bar - disse rapidamente e esperei uma má reacção mas ele começou.se a rir.
- Minha querida, eu já te disse... tu daqui só sais num saco preto da morgue ou provavelmente nem isso porque eu iria mandar.te ao mar e ninguem te acharia por isso, a não ser que queiras morrer neste preciso momento, vais para casa e voltas logo a noite para tirar esse vestidinho - arregalei os olhos e fiquei a olhá-lo.
- Eu tenho aqui o dinheiro - pu-lo à sua frente - e ainda tenho mais - pus o resto - já não estou a dever nada, logo não tenho de trabalhar para si.
- Isso não é bem assim, tu sabes as condiçoes e aceitaste-as desde o inicio por isso vais trabalhar para mim - aproximou-se, levando as suas mãos ao pescoço - ouviste ?
- Eu não tenho medo de si - disse, tentando tirar as suas mãos à volta do meu pescoço - Eu vou fazer queixa de si à policia - elevei o tom de voz - aposto que não sou a única menor a trabalhar aqui, a dançar só porque nos ameaça - vi o seu olhar encher-se de raiva e continuei a tentar respirar mas cada vez se tornava mais dificil. - Largue-me seu cabrão - gritei ou tentei.
- Agora, assinaste a tua sentença de morte - disse - Não vais trabalhar aqui mas também não sais daqui viva - gritou e mandou.me pelo ar, fazendo-me embater na bancada com as costas e soltar um grito de dor.
- Cobarde - gritei com as lágrimas a descerem pelo rosto - só sabe bater em raparigas mais fracas porque se fosse um homem ou um rapaz, aposto que mantinhas a bola baixa - ter falado tinha sido o meu maior erro, cada vez que eu abria a boca a raiva dele crescia. Quando me calei ele começou a pontapear-me e a soquear-me, insultando-me de todas as maneiras possiveis. Tentava fugir sempre que ele começava a ficar cansado e parava mas acabava sempre por me agarrar na perna e me mandar contra alguma coisa. Ao fim de algum tempo já estava ensaguentada e tentava levantar-me mas acabei por desistir, devia ter alguns ossos partidos porque me doia tudo, nao conseguia sequer ver bem, provavelmente tinha o olho bastante inchado. Pegou-me pelos cabelos e arrastou-me ate ao beco atras do bar de alterne e mandou-me para o chão. Era agora, o fim. Pensei no Francis e no quanto gostava dele e articulei um amo.te com os lábios quando vi aquele homem, um cobarde a levantar provavelmente um cano para me acabar com a vida. A partir dai não me lembro de mais nada, apenas da escutar o som de algo a bater e a escuridão a envolver.me

Quando acabei de comer o meu pequeno almoço fui para a porta do bar ficando dentro do carro, já tinha passado uma hora e nada de Lucy.
Saí do carro trancando-o e entre no bar indo ter com o tipo que supostamente era o dono do mesmo.
- A rapariga? - perguntei assim que o vi. - Mas quem é que pensas que és para me vires para aqui com exigências? - interrogou-me aproximando-se de mim. - O que que isso te interessa? - resmunguei. Ele aproximava-se cada vez mais até que pegou em qualquer coisa que nem vi o que era e meu deu com aquilo na cabeça atingindo-me a cara. - Procura no beco, puto, a esta hora esta morta! - ri-se.
Sai dali a correr e procurei por ali Lucy, até que a encontrei no chão toda ferida... Eu não sabia o que fazer.
- Lucy... por favor... - murmurei com a voz a tremer. Doía-me a cara por causa daquele otário e tinha a certeza que estava negra mas agora nada disso era importante, era importante ajudar Lucy. - Lucy... - voltei a chamar.