Quarto da Jullie Smeds

Assenti e fiquei a vê-lo sair do quarto. Recostei-me na cama e abracei uma almofada, enterrando o queixo na mesma. A minha vida estava uma verdadeira confusão, primeiro eram os meus pais que teimavam em excluir-me da família, e depois era o Drew, e tudo o que nos tinha acontecido. Soltei um longo suspiro e aconcheguei-me em mim mesma.

Voltei para o quarto o mais rapido que pude para o gelo nao derreter por causa do calor que estava. - Desculpa a demora, tive de ir ao refeitorio - sentei.me a beira da cama e pus o seu pe em cima do meu colo e pus o gelo em cima do seu tornozelo - sabe bem ?

Abri os olhos quando ouvi um barulho vindo da porta e sorri levemente ao ver que era Drew. Dei-lhe espaço para que se sentasse e fechei os olhos, estremecendo ao sentir o gelo tocar na minha pele.
- Hum-hum.- murmurei, voltando a fechar os olhos.

Peguei numa camisola que ela tinha em cima da cama e pus entre a sua pele e o gelo - pronto, assim nao esta tao frio - sorri para ela, acariciando.lhe a perna sem maldade - está a doer muito ? - perguntei, fazendo uma careta.

Arregalei os olhos quando vi em que camisola ele tinha pegado e mordi o lábio com força.
- Obrigada.- sussurrei e sorri quando senti as suas carícias na minha perna.- não, és um bom enfermeiro.- abri um olho para o olhar.

- ainda bem - ri.me e deixei.me cair para tras, ficando deitado - queres que me va embora ? - perguntei, mordendo o labio e pedindo mentalmente que dissesse que nao

Olhei-o quando se deitou e ri-me baixinho, tal como ele. Levei uma mão ao seu cabelo e acariciei-o, vendo-o deslizar por entre os meus dedos.
- Não, quero que fiques aqui comigo.

Fechei os olhos quando ela me começou a mexer no cabelo e sorri - então eu fico - disse todo ensonado e comecei a cantar baixinho - lucky i'm in love with my best friend - sorri e continuei a cantar de olhos fechados

Fechei os olhos, sem deixar de mexer no seu cabelo e foi aí, nesse mesmo momento que o meu coração disparou quando a sua voz melodiosa começou a invadir todo o quarto. Mordi o lábio e esperei que ele chegasse à parte, para eu prosseguir.
- They don't know how long it takes.- comecei, respirando fundo.- waiting for a love like this every time we say goodbye.- abri os olhos devagarinho.- I wish we had one more kiss I wait for you I promise you, I will.- cantei baixinho, tal como ele.

Olhei para ela quando me interrompeu e sorri, armonizando com ela e acompanhando.a. Levantei.me e aproximei.me dela, sem nunca parar de cantar - And so I'm sailing through the sea, to an island where we'll meet, you'll hear the music fill the air, I'll put a flower in your hair - passei o dedo pelo seu cabelo, pondo.lhe uma mecha atras da orelha - Though the breezes through trees, ove so pretty you're all I see - acariciei.lhe o rosto

Parei de cantar e deixei-me ficar apenas a ouvi-lo, fechando os olhos com todos os seus toques e deixando que a sua voz me enfeitiçasse. Quando voltei a olhá-lo, agarrei no seu braço e puxei-o para mim, olhando os seus olhos.
- Beija-me agora.- sussurrei.

- Eu nao posso jullie - murmurei, ficando a acariciar o seu rosto - eu vou estragar tudo e eu nao quero isso - suspirei e estiquei os braços para ficar um pouco mais afastado - eu nao quero que penses que estou a abusar ou a ir demasiado depressa

Mordi a parte de dentro da minha bochecha e suspirei demoradamente.
- Mas eu estou a pedir-te.- tentei tocar-lhe.- sou eu que to estou a pedir, não vai ser culpa tua, nem vais ser tu que estás a avançar demasiado depressa.- murmurei, olhando-o.

Suspirei e fiquei a olha.la, tao bela, tao tentadora. - jullie - murmurei, pousando a mao na sua bochecha, cobrindo maior parte da sua pele - eu quero - juntei as nossas testas, fazendo com que os nossos narizes batessem um no outro suavemente - quero muito. eu amo.te tanto - olhei os seus labios e depois aqueles olhos num tom entre o azul e o cinzento, um tom unico que emoldurava aquele rosto perfeito. - posso mesmo ? - perguntei baixinho mas alto o suficiente para ela ouvir e juntei o meu corpo ao seu, sentindo o seu calor corporal atravessar o meu e finalmente colei os meus labios ao seu num beijo simples e doce, acabando por olhá.la para ver a sua reacção.

Deixei que juntasse os nossos corpos e suspirei ao senti-lo junto de mim de novo. Olhei os seus olhos quando também olhou os meus e engoli em seco.
- Po...- não terminei. Foi como se o meu corpo parasse no tempo e apenas a minha memória vagueasse pelo passado. Relembrei o dia em que o conheci, o dia em que o voltei a reencontrar, os seus ciúmes no restaurante, os seus ciúmes na praia, quando me deixou...Eram mais coisas más do que boas. É verdade que o dia que passámos juntos tinha sido diferente, ele parecia estar diferente, mas até quando? Quem é que me garantia que ele ia continuar assim para sempre? Primeiro...eram os meus pais. Rejeitavam-me desde sempre, como se não quisessem que eu fosse sua filha. E depois, era Drew. Ele tinha-me deixado sozinha, e agora tinha voltado, mas...será que tinha voltado de vez? As pessoas não eram propriamente objectos que pudéssemos prender a nós e fazer com que andassem sempre connosco. As pessoas têm vontade própria, fazem o que querem e estão com quem querem. Quem é que me garantia que o Drew tinha voltado porque queria estar comigo? Afinal de contas, ele tinha ido embora...- não.- abanei a cabeça, engolindo em seco de novo.- não, não, não.- afastei-me, baixando o olhar dos seus olhos.- eu não consigo.- passei as mãos pela cara e saí a correr do quarto, correndo sem rumo. Eu precisava de ter a certeza de que não iam fugir, eu precisava disso, eu não precisava de mais incertezas.