Quarto da Marie

Assim que chegámos à cozinha, enchi uma tigela com leite e cereais e sentei-me na mesa, olhando Keith.
- Devias comer mais alguma coisa.- apontei com o queixo para o iogurte.- isso é pouco.

Suspirei quando fui acordado e fiz uma careta.
-hm? - perguntei ainda de olhos fechados abrindo um olho e sentando-me depois - já é de dia? - perguntei esfregando os olhos.

Deixei que acordasse e olhei-o, abanando a cabeça.
- Não.- olhei para o céu ainda escuro.- mas anda para dentro, não te vou deixar dormir aqui.- agarrei-lhe num braço, puxando-o.- está frio.- queixei-me.- e se quiseres vou eu dormir para o sofá ou para o sotão hoje.- encolhi os ombros.

-Não sejas parva - disse voltando a fechar os olhos e ela tinha razão porque eu estava gelado. Passei as mãos pelas suas costas e esperei que ela se deitasse para fazer o mesmo, puxando as mantas para cima.

Pus-lhe a língua de fora e sorri, deitando-me e esperando que fizesse o mesmo. Ele ia dormir comigo. Tapei-me até cima e cheguei-me para ele, dando-lhe um beijinho na bochecha e esfregando-lhe o braço para que aquecesse.
- Dorme bem miau.- sussurrei.

- Obrigado - agradeci fechando os olhos encostando-me mais a ela que eu estava completamente um gelo. Quando consegui adormecer novamente só acordei muito tarde.

Abri os olhos quando o sol incidiu sobre os mesmos e esfreguei-os devagarinho. Fique ia ver Keith dormir durante um bocado e quando ganhei coragem fui tomar um duche, tirando toda a salitra do meu corpo. Sequei-o e vesti uma roupa qualquer, secando também o cabelo e voltei para a cama, deitando-me junto dele e fazendo-lhe festinhas na cara.

Enfiei metade da cara na almofada e bocejei abrindo os olhos.
-Mais cinco minutos, eu sei que tens que ir trabalhar - disse enfiando a cabeça no seu peito como sempre fazia.

De um momento para o outro, Keith acordou e depois de falar, enfiou a cabeça no meu peito. Arregalei os olhos, ele tinha gostado mesmo dele.
- Mais cinco minutos, eu sei que tens que ir trabalhar.- quando as suas palavras fizeram eco na minha cabeça, senti o meu coração ficar apertadinho. Não era a mim que ele queria, ele estava a falar para ela. Por mais que eu não quisesse, aquilo tinha-me afectado...acho que começava a ver o miau com outros olhos. Eu sabia que era errado, mas...era ele.
- Keith.- chamei baixinho, tentando por de parte tudo aquilo e beijei-lhe a testa.- sou só eu, sou a Jullie.

-Hm? - perguntei quando ouvi a voz de July e abri os olhos ainda meio cegueta. Suspirei continuando com a cara no mesmo sítio porque estava quentinho e puxei mais os cobertores para cima de mim.

Sorri quando não se mexeu, se calhar ele até queria um bocadinho. Ou então esta era só eu a encher-me de esperanças. Enfiei as mãos no seu cabelo e fiz-lhe festinhas, encostando a minha cabeça na sua.
- Nada, dorme.- falei baixinho, fazendo-lhe muitas festinhas.

Sorri levemente quando senti festinhas na cabeça a descontrairem-me o corpo todo e adormeci num instante. Quando voltei a acordar abri os olhos vendo as mamas de July à minha frente. Levantei uma sobrancelha e afastei-me até à almofada.

Quando senti a sua respiração acalmar, percebi que tinha adormecido. Dei-lhe um beijinho na cabeça e continuei com as festinhas, até o sentir acordar de repente e afastar-se da mesma forma. Pois, tal como eu pensara isto era apenas eu a encher-me de falsas esperanças. Passei as mãos pela cara.
- Dormiste bem? - fixei os meus olhos na parede.

Olhei novamente para as mamas dela e arregalei ligeiramente os olhos assentindo com a cabeça.
-És confortável - disse um pouco estático, sentei-me na cama para acordar do transe e passei a mão pelo cabelo esfregando depois os olhos.

Arregalei ligeiramente os olhos e mordi o lábio com força para não sorrir. Ele tinha reparado.
- Sou? - desviei o olhar para ele.- só para que saibas, foste tu que vieste aqui parar, eu não te violei, eu juro.- tentei brincar com a situação.

Sorri abanando a cabeça largando os meus olhos.
-Eu sei, eu tenho esse vício, desculpa - disse enfiando as mãos no cabelo e levantando-me. Mais um dia e eu ainda não sabia o que fazer.

Encolhi os ombros com um sorriso.
- Não tens de pedir desculpa, eu não me estava a queixar.- levantei-me tal como ele e fui abrir a janela, sorrindo ao sentir o sol bater-me na cara.- se eu te convidasse a ti e ao Chris para um passeio o que é que vocês me diriam? - olhei-o depois.

Olhei-a quando me convidou para ir dar um passeio, mas primeiro lembrei-me de Chris e fui até ao quarto da kath. Agarrei nele com cuidado encostando-o a mim e fechei os olhos dando-lhe um beijinho na bochecha enquanto andava de novo até ao quarto.
-Ele diria que sim. - disse afagando-lhe as costas.

Levantei uma sobrancelha quando saiu do quarto de repente mas quando voltou com Chris ao colo sorri, aproximando-me para dar um beijinho ao pequenino.
- E tu? - olhei os seus olhos.- o que dirias?

-O mesmo - sorri um bocadinho e encostei a cabeça à testa de Chris que estava a dormir ainda. Sorri afagando-lhe as costas e fui até à varanda para ver o mar. Ouvi-o resmungar qualquer coisa e quando o olhei sorri ao vê-lo a acordar. - Olá bebé - disse baixinho tocando-lhe na bochecha.

Sorri muito e quando ele virou costas para ir para a varanda, fiz a cama e aproveitei o facto de já estar vestida para ir ter com ele. Sentei-me ao seu lado e sorri ao ver Chris acordar.
- Bom dia pequenino.- toquei-lhe no narizinho e fiquei toda derretida quando bocejou.

Olhei-a vendo-a ao meu lado e sorri quando ele bocejou. Sentei-o confortavelmente ao meu colo e brinquei com as suas mãozinhas.
-Tens fome? - perguntei, ele olhou para mim muito atento e falou a língua dele. - Está bem, assim será - levantei-me com ele ao colo e olhei July - vou fazer-lhe uma papa.

Comecei a rir-me quando Chris começou a falar. Eu podia não perceber nada, mas a forma empenhada como ele falava e a forma atenta como nos olhava, fazia daquela fala incompreensível, a coisa mais querida de sempre.
- Queres ajuda? Ou..companhia? - olhei-o quando já se tinha levantado.

-Se estou a avisar-te é um convite indirecto - pisquei-lhe o olho com um sorriso e brinquei com as bochechas de Chris enquanto andava. Desci as escadas até à cozinha e coloquei-o na cadeirinha dele.

Ri-me e pisquei-lhe o olho também, levantando-me e descendo com ele até à cozinha. Esperei que sentasse Chris na cadeirinha e arrastei uma cadeira até ao pé dele, pegando-lhe nas mãozinhas e ouvindo-o rir-se.