Quartinho amoroso da Kath

Olhei para Kath e sorri sentando-me à frente dela. Ela inclinou-se para a frente e deu-me um beijinho molhado na testa. - Que fofinha que estamos hoje - abri o iogurte e comecei a fazer o aviãozinho que a fazia gargalhar. Ri-me agarrando-a ao colo quando acabou o iorgurte todo e limpei-lhe a boca com cuidado. - vamos a la playa ohohoh - cantarolei em alto e bom som.

Fui vestir umas calças de ganga e uma camisola quentinha e depois de estar pronta voltei para o quarto da Kath. Sorri quando vi os dois e desatei a rir quando ouvi o que o Will estava para ali a cantar - Oh meu deus.

Ri-me quando ouvi Ash a rir-se e Kath também desatou às gargalhadas.
-O que foi? A música é gira - gozei abraçando-me a sardentinha. - Estás pronta? - perguntei beijando-lhe a testa.

- Linda. - disse ainda a rir-me enquanto tocava no nariz da moranga. Assenti com a cabeça e estiquei-me até lhe dar um beijinho no bochecha - Sim, já podemos ir à praia. - disse enquanto me ria de novo.

Ri-me passando as mãos pela sua cintura e foi com as duas mulheres da minha vida para fora de casa, descendo as escadas com cuidado e descalçando-me assim que senti a areia.
-A princesa vai andar na areia - disse eu colocando-a no chão.

Sorri enquanto via o Will a colocar a moranga com os pés no chão e ri-me com a cara de diversão que ela fez. Descalcei-me também e agarrei nos meus sapatos - Acho que ela gostou de andar na areia. - sorri e beijei a bochecha do Will.

Kath quando acordou no avião não parou de chorar e de gritar, estava em pura aflição e eu estava a ficar igual. Tinha medo de fazer alguma coisa com ela naquele estado. Só consegui raciocinar quando a vi suar. Estava com febre. - Tinha que ser agora bebé? - perguntei baixinho, apressando-me a ir buscar as malas, o meu carro tinha ficado no aeroporto, era a sorte, assim íamos ser rápido. Deitei a pequenina na cadeirinha e fiquei ao lado dela, a dar-lhe festinhas na cabeça e no seu corpinho e a cantar-lhe uma canção, para que adormecesse. Suspirei quando o fez e fui para o lugar do condutor indo directamente para casa. Não sabia se ela estava lá e sim, estava ansioso por saber e preocupado com ela e meio triste e tudo, mas agora o que importava era Kath.

Chamei Lea para que fosse buscar as malas, ela olhou muito estranha para o carro, por estarmos só nós os dois e assim que vi que ia perguntar por Ash apenas abanei a cabeça e entrei em casa só com Kath ao meu colo. Pelos vistos ela não estava em casa. Mordi o lábio nervosamente, se calhar tinha ficado em casa do Keith. Sim, era o mais provável apesar dele não o dizer na mensagem. Como, felizmente, Kath dormia, fui deita-la no berço e desci para ir comer alguma coisa. Estava esgotado, a minha cabeça estava a andar às voltas com tanta coisa, mas eu tinha razão, primeiro estava a minha filha porque estava doente. Subi de novo até ao quarto dela, passando pela casa de banho e lavando as mãos. Ouvi-a começar a chorar por isso corri até ao seu quarto debruçando-me sobre ela com um suspiro. - O que é que eu faço contigo? - perguntei-lhe baixinho. - São os dentinhos? - agarrei-lhe no queixo devagarinho para não a magoar e passei os dedos pelas suas gengivas, sorrindo um bocadinho quando as senti mais duras. Eram os dentes. Suspirei de alivio agarrando na bebé e dei-lhe um beijinho na testinha, afagando-lhe as costas - isso já passa -baixei-me devagar, esticando-me até ao armário e desempacotei um brinquedo que era próprio para ela levar à boca. Dei-lho para a mão e ela fungou encostando-se apenas ao meu pescoço.

-Põe isso na boca - tentava eu que ela o fizesse mas ela estava chochinha demais para isso. Agora era a febre e a falta da mãe. Beijei-lhe a testa com um suspiro. Eu também sentia falta da mãe dela. Olhei para o telemóvel, para ver se tinha mais alguma coisa e mordi o lábio ao ver que não tinha. Não era capaz de lhe mandar uma. Acho que deveria ser ela a fazê-lo, ela é que não tinha avisado, e por mais preocupado que estivesse... nem sabia o que dizer. Fui sentar-me no sofá do quarto da Kath e fiquei a dar-lhe festinhas, levando o brinquedo à sua boca.

Quando Kath adormeceu a febre também baixou. Lea veio ter connosco, com um ar preocupado e sentou-se de joelhos, ficando a dar festinhas à Kath enquanto olhava para mim.
-Podes ir embora Lea, os teus filhos devem estar à espera - sorri-lhe um bocadinho. Ela abanou a cabeça e sorriu.
-Tu também és um filho para mim e precisas mais de mim do que deles agora - deu-me um beijinho na bochecha - vou fazer-te uma sopa - olhou Kath - para os dois. - sorri-lhe dando-lhe um beijo na bochecha.
-Obrigado Lea.

Kath dormiu pouco e acordou a chorar baixinho, parecia um gatinho, não estava aos berros, tinha um beicinho e fungava. - Está tudo bem princesa - levantei-me, afagando-a nos meus braços - ela vai voltar para ti, pelo menos para ti... - engoli em seco pestanejando muito os olhos para que deixassem de arder e quando ouvi o meu nome vindo do andar de baixo comecei a descer as escadas. Não queria largar a Kath, acho que agora ia andar sempre agarrada a mim.

Fechei os olhos com força passando as mãos pelos ouvidos, eu era um péssimo pai. Deixei a cabeça cair no balcão e senti uma mão por cima do ombro - eu vou à farmácia comprar-lhe um xarope, vai lá para cima tentar adormece-la - ainda bem que Lea não tinha seguido o meu conselho quando lhe disse que podia ir embora. Kath não parava de chorar, já estava a ficar roupa de tanto gritar, agora sim, ela gritava e eu estava cansado e com medo. Ficava sempre inseguro e sem conseguir pensar quando os bebés começavam a chorar para estar doentes, mas tinha que me habituar, ia ser médico. Agarrei na minha bebé e encostei-a ao meu peito cantando-lhe uma canção ao ouvido, enquanto andava de um lado para o outro, para a tentar acalmar, e felizmente, resultou.

Fui deita-la no berço de novo e sentei-me no cadeirão ao lado, fechando os olhos por uns segundos. Engoli em seco quando senti o meu telemóvel vibrar no bolso e agarrei no mesmo, olhando para a mensagem de Keith que dizia que ela ia ficar lá até à festa de anos do Chris, convidando-me também para ir. Suspirei dizendo que não sabia se ia ser boa ideia, mas ele insistiu, levando-me a dizer que sim. Guardei o telemóvel no bolso e agarrei-me à almofada que estava atrás de mim, ficando a olhar para Kath que dormia no berço.

Lea tinha chegado, agarrei no frasco de xarope olhando para o mesmo e assenti com a cabeça quando disse que baixava a febre. Levantei-me dando-lhe um abraço e ela sorriu dizendo que era melhor ir embora porque já estava a ficar tarde para ela. Eu concordei e deixei que fosse. Enfiei as mãos nos bolsos andando de um lado para o outro no quarto de Kath e suspirei, supostamente amanhã tinha treino, mas parece que ia faltar, não a ia deixar doente e sozinha.

Levantei-me quando tocaram à campainha e fui abrir a porta, vendo Marie e a minha mãe do outro lado, com o Eric ao colo. Abri-lhes mais a porta para que entrassem, mas só a minha irmã é que entrou, fazendo-me agarrar no meu irmão.
-Eu e o teu pai vamos ao Canadá, não vai ser muito tempo, mas foi uma coisa de última hora, tomas conta deles? - ela ficou a olhar-me com aqueles olhos azuis a brilharem e eu suspirei encolhendo os ombros - o que é que se passa? - perguntou preocupada mas ouviu-se um apito que a fez suspirar, aproximando-se de mim e abraçando-me - Falamos quando eu voltar está bem? Amo-vos - afastou-se depois de me beijar a testa e foi a correr até ao carro.
-Acho que vou precisar de Lea - murmurei.

Marie estava pronta para fazer disparate mas assim que viu a minha expressão ficou logo muito quietinha enquanto me olhava. - o que foi? - perguntou aproximando-se mim. Olhei para Eric que estava encostado ao meu ombro a dormir e abanei a cabeça para Marie.
-Vais ter que me ajudar, somos só dois agora - suspirei e ela arregalou muito os olhos.
-O que é que a Ash tem? - perguntei vindo agarrar-se à minha cintura. Ela estava maior, e eu mal a via crescer. Passei a mão pela sua bochecha e encolhi os ombros.
-Ela.. tirou umas férias - mordi a parte de dentro da bochecha e comecei a andar, agarrando-a pela mão livre - mas ela volta - assenti com a cabeça para me tentar convencer disso.
-Vais chorar? - perguntou Marie e eu ri-me não sei bem porquê.
-Acho que sim - disse colocando Eric deitado ao lado de Kath, sentando-me novamente no cadeirão que tinha arrastado para o lado do berço. A minha irmã ficou a olhar-me com os olhos muito abertos para depois vir para o meu colo.
-Eu ajudo-te.

Acabei por adormecer não sei quantas horas mas Lea já tinha voltado, estava agora com um termómetro na mão e tapar-me a mim e a Marie. - Olá - murmurei - mediste-lhe a febre?
-Medi, acho que baixou um bocadinho, mas ainda tem - olhou para os bebés e para a minha irmã - o que é que eles estão cá a fazer? - perguntou com um sorriso.
-A minha mãe foi para o Canadá e veio cá deixar as pestes - tentei sorrir um bocadinho e ela fez o mesmo - vou fazer o pequeno almoço.

Assim que Kath começou a chorar todos os outros acordaram, e Eric imitou-a. Suspirei levantando-me assim que Marie saiu de cima de mim para me deixar fazê-lo e levantei uma sobrancelha quando voltou a aninhar-se para dormir.
-não penses que vais dormir agora. Preciso de ajuda - resmunguei agarrando em Kath que tinha quase a mão toda na boca e Eric que tinha um beicinho e estava a chorar baixinho. Fiquei com os dois agarrados a mim e dei um beijo a cada um.
-Não chorem - murmurei virando-me para Marie - anda, vamos dar-lhe papa.
-Chato - resmungou levantando-se.

Desci até à cozinha onde Lea estava a fazer-nos a comida e comecei a fazer a papa para os dois bebés estendendo os dois pratos à Marie que me olhava toda ensonada - até parece que não dormiste bem - resmunguei-lhe. Ela sorriu toda marota para depois se ir agarrar a mim.
-Já tinha saudades de dormir contigo - esticou-se toda até me puxar para me dar um beijo na bochecha. Sorri agarrando-a ao colo e dei-lhe um beijo na testa.
-Eu também pirralha.

Marie sentou-se ao meu lado, ela dava papa à Kath que agora estava mais calminha e eu dava ao Eric já que nunca tinha dado - não podes comer muita, ainda és bebézinho - toquei-lhe no nariz fazendo-o rir-se e agarrei no biberão que tinha aquecido para ele, dando-lho para a mão para que ele o levasse à boca sozinho.
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