Quarto de Caitlin Carter

-Só vou quando me mandares embora - ri-me levemente olhando para ela - e se precisares de alguma coisa? Eu fico aqui até adormeceres. - garanti e desviei os olhos para o tecto. Foco, concentra-te, nem penses em atirar-te à miúda, ainda levas dois pares de estalos. resmungou a minha mente.

-Eu não me importo que tu fiques aqui comigo... - comecei por sorrir apenas um pouco mas depressa alarguei o sorriso - Eu gosto da tua companhia. Mas não tens fome? - perguntei preocupada - Aposto que há muito tempo que não comes nada.

Olhei para ela sorrindo.
-E tu? Não tens fome? De certeza que não comeste nada - ri-me - queres que vá buscar alguma coisa ao bar - perguntei.

-Eu não comi nada mas eu já estou habituada a isso e tu não... - suspirei por ele inverter sempre as perguntas - Vai buscar qualquer coisa ao bar, por favor. - pedi - Mas para nós os dois! Tu também tens que comer! - exclamei.

Levantei-me assim que ela me deu ordem. - Yes, sir - disse fazendo continencia. E ainda bem que eu tinha saído dali, ainda lhe saltava para cima com aquele pijama todo... ai meu deus, agora parecia a Jorgina. Se ela não estivesse toda magoada eu até a beijava, porque tenho a certeza que ela não ia querer mais que isso, mas estava e até... pronto ela até era querida. Abanei a cabeça para tentar parar de pensar nela e olhei a funcionária que me olhava com um ar cansado. - Água, um sumo de laranja... Dois croissants cheios de chocolate e... mais nada. - paguei indo ter com ela de novo ao quarto e dando-lhe a parte dela. - Quero isso tudo comigo - ri-me quando me lembrei da minha mãe.

Observei todos os movimentos dele até sair do quarto e sorri para comigo mesma quando deixei de o ver. Soltei um suspiro todo estranho e fechei os olhos, só conseguindo ver a cara dele à minha frente. Abri os olhos mesmo a tempo de o ver chegar com o nosso lanche ajantarado e sentei-me na cama para poder comer. Olhei para o croissant gigante que ele tinha trazido e arregalei os olhos.
-Eu acho que não tenho barriga para isto tudo. - fiz uma careta.

-Vais ter que comer - sorri sentando-me ao seu lado e pegando no meu, dando uma grande dentada até ficar com a boca a parecer um hamster. Lambi os lábios rindo-me enquanto comia e bebi um bocado de água para empurrar. - O sumo é para ti - disse apontando.

Peguei no croissant e dei uma dentada que a comparar com a dele não era nada - Obrigada. - bebi um bocadinho de sumo. Olhei para ele e ri-me à gargalhada. Tinha a boca toda suja de chocolate. Peguei num guardanapo - Estás todo sujo. - ri-me mais um bocado e aproximei-me limpando-lhe a boca.

Deixei que ela me limpasse a boca e sorri-lhe levemente quando o fez.
-Ah que animar a doentinha - brinquei com ela mexendo-lhe no cabelo por momentos e depois voltando a comer compulsivamente para ver se tirava ideias da minha cabeça. Queres que ela avance, tens que esperar estúpido, a miúda se for preciso até é virgem. Revirei os olhos com o meu pensamento e bebi a água até ao fim.

-Eu não estou doentinha. - fiz cara de criança amuada - Estou só temporariamente magoada e vou curar-me depressa! - exclamei mudando para um ar de espertalhona - Quando é que eu posso começar a trabalhar? Isto é, se eu conseguir o emprego.

-É, espero mesmo que te cures rápido que não quero que fiques inválida - brinquei com ela tocando-lhe no queixo e voltando a comer o croissant enchendo a boca. - Quando estiveres bem - disse depois de engolir tudo.

-Qual é o mal de ficar inválida? - ergui o sobrolho - Não vejo qual é o interesse para ti em que eu esteja boa. - fiz uma careta e encolhi os ombros - Eu amanhã já estou boa. Podes levar-me ao teu pai e ele entrevista-me. - sorri - Não quero que lhe digas para ele me dar o trabalho só porque me queres ajudar! - avisei-o.

Levantei uma sobrancelha - És demasiado desconfiada, não és? - Perguntei sorrindo e bebi um bocado de água da garrafa que tinha comprado. - Eu não iria fazer isso, eu levo-te, mas para isso tens que dedicar oito horas da tua vida comigo - olhei para ela - o meu pai é de LA.

-Sou um bocado. - soltei algumas gargalhadas. Comi mais um bocado do croissant que já estava a comer a encher-me - Passar oito horas da minha vida contigo, hãn? Vou ter que pensar no teu caso. - brinquei - Se ele está em LA então quem é que me vai entrevistar? - perguntei curiosa.

-Já reparei que sim - ri-me levemente acabando o meu croissant gigante e encostando a cabeça aos ferros da cama. - Quem te vai...entrevistar... vou ser eu - virei-me para ela agarrando-me à garrafa de água e ri-me. - A casa é praticamente minha - encolhi os ombros.

-Jessezinho.... - trouxe ao de cima o meu melhor olhar de menina querida e sorri um pouco - Come o resto do meu croissant, já não me apetece mais. - fiz uma careta ao olhar para o prato - Mas assim não vale! Tu tens pena de mim e vais contratar-me. - cruzei os braços junto ao peito.

Olhei para ela de sobrolho levantando com a sua queridês repetina e suspirei pegando no resto do seu croissant começando a comê-lo. Fiz uma careta quando ela disse que tinha pena dela.
-Não tenho pena de ti! - Disse - Quero que arranjes um emprego mas não tenho pena de ti.

-Estás a falar a sério? - perguntei ficando com uma expressão séria de repente - É que odeio que tenham pena de mim. Por isso muitas vezes é que não gosto de aceitar a ajuda que me oferecem. - suspirei e abri a garrafinha de sumo bebendo um bocado.

-Estou, não tenho pena de míudas bonitas - encolhi os ombros - tu és só uma rapariga boa que vem da Jamaica, que tem um sotaque super sexy e que não conseguiu arranjar um emprego em condições e ainda tem que aturar um gajo como eu - fiz uma careta - acho que só tenho pena na parte de me teres que aturar. - ri-me.

Corei logo assim que o ouvi dizer que eu era bonita e tinha um sotaque sexy - Pois olha: tenho-te a dizer que não é nada mau aturar-te. És simpático, prestável e fazes-me rir quando só me apetece chorar. - sorri e pus a mão em cima da dele apertando-a - És um bom amigo.

Omfg, é desta que eu me enterro. És um bom amigo. Sorri-lhe assentindo e bebi um bocado de água. Um bom amigo. Ri-me interiormente de uma forma irónica e olhei para o tecto - Ainda bem que achas isso. - Olhei para ela - não tens sono? - perguntei sorrindo levemente.

-Tenho. - encolhi os ombros - Mas sei que tu não tens e não vou abandonar-te aqui. Ainda por cima estás no quarto de uma rapariga, onde não há nada interessante para fazer. - por estar a falar em dormir soltei logo um bocejo.

-Dorme Caitlif - tirei-lhe o cabelo dos olhos - Se não me quiseres aqui enquanto dormes eu vou para o meu quarto e volto amanhã - garanti precipitando-me para a frente e beijando-lhe a testa. FUCK, QUASE, JESSE GRANT, EU MATO-TE. mordi o lábio e olhei para a televisão. - posso ligar a tv? - perguntei.

-Não! Não te vás embora! - exclamei ficando logo muito nervosa e alarmada. Fiquei surpreendentemente mais calma quando ele me beijou na testa e não tive mais nenhuma reação a não ser sorrir - Podes. - peguei no comando e dei-lho para a mão.

-Está bem, eu fico aqui - liguei a televisão olhando-a - mas dorme agora, eu fico a ver televisão - prometi-lhe - Até te podes encostar e tudo, eu não me aproveito, és feia- dizes tu. acusei-me a mim próprio e suspirei olhando para a televisão.