Sala de estar

Encolhi os ombros ligeiramente e agarrei na sua mão, olhando para a mesma - ela reparou que o meu comportamento não foi normal - murmurei - eu fugi e... - encolhi de novo os ombros e olhei para baixo - quando eu voltei ela conseguiu perceber.

Deslizei os dedos pela sua mão, fazendo-lhe festinhas e entrelacei-os depois nos seus, ficando a olhá-lo enquanto falava. Eu não conseguia saber como ele se sentia, acho que era demasiado difícil para alguma vez conseguir.
- Está tudo bem agora Keith.- dei-lhe um beijinho no maxilar.- quer dizer, ela não tem medo de ti, se não nem sequer aqui estava, nem sequer deixava que o Kyle estivesse contigo, ela não tem medo.- abanei a cabeça.- e no fundo, acho que ela te percebe.- encostei Chris mais a mim.- está tudo bem, ou se ainda não está, vai ficar, eu prometo.

Estava a esforçar-me imenso para não me ir a baixo, e não fui mesmo. Apenas assenti enquanto ela falava e olhei para Chris - O que é que há para perceber? Eu matei-a porque... porque estava drogado. Não há nada para perceber. - abanei a cabeça enquanto Chris me olhava muito sério - eu só sei que se acontece alguma coisa, ele me vai parar fora dos braços e aí é que não sei como é que eu fico - engoli em seco.

Toquei no queixo de Chris, vendo-o olhar para Keith muito sério e abanei a cabeça, virando-me de forma a ficar de frente para ele.
- Aconteceram-te demasiadas coisas Keith, a culpa não é tua.- eu sabia que dizer-lhe isto era o mesmo que não dizer nada, mas mesmo assim.- e ninguém te vai tirar o Chris, porque não vai acontecer nada.- sorri ao ver o pequeno esticar-se para o pai, como se percebesse.- ninguém vos vai separar, isso nunca vai acontecer, eu não vou deixar.

Abanei a cabeça e não consegui estar com atenção a algumas das coisas que ela disse.
-Eu não percebe como é que vocês me conseguem dizer que eu não tive culpa - levantei o olhar de Chris, que entretanto se tinha agarrado a mim e a July - Eu tive culpa July, fui eu. - pestanejei os olhos repetidamente, virando a cabeça para o outro lado, abraçando-me mais a Chris.

Passei as mãos pelas costas de Chris e continuei a olhar para Keith, sentindo o meu coração apertar-se a cada palavra sua.
- Keith..- toquei-lhe na bochecha, virando a sua cara para mim.- amor, eu não imagino o que sentes, nem imagino o que é ter de carregar connosco a morte de alguém, mas não precisas de te culpabilizar tanto.- abanei a cabeça.- isso não te faz bem.- acariciei-lhe a bochecha.- eu sei que não é uma coisa que passe de um momento para o outro, mas pára de te martirizar com isto, olha para o Chris, ele precisa de ti, ele precisa de ti bem.- cheguei-me para ele.- nós precisamos todos de ti, e eu vou ajudar-te, eu prometo, isto vai acabar por passar.- abracei o seu tronco.- tu sofreste no passado, sofreste muito, foram muitas coisas, não tens culpa.- abanei a cabeça.- o Chris agora é o teu presente, não deixes que o passado o afecte.

Virei a cara para ela quando me fez festinhas na bochecha e engoli em seco com as coisas que ela dizia. Não conseguia não me sentir culpado, já tinha tentado, mas depois lembrava-me e não conseguia. Olhei para Chris quando assim o pediu e abracei-o passando as mãos pela sua cabecinha, encostando-me depois a July - ele vai ser feliz - murmurei - ele não vai sofrer o que eu sofri, eu já lhe tinha prometido.

Encostei-me de lado ao sofá e puxei-o para que ficasse com as costas encostadas ao meu peito, abraçando o seu corpo, com cuidado por causa de Chris.
- Eu sei que vais cumprir.- pousei o queixo no seu ombro.- porque ele já é o bebé mais feliz do mundo, e ama-te mais do que tudo.- olhei Chris.- basta ver a forma como ele olha para ti.

Encostei-me a ela assim que arranjou uma forma e fechei os olhos com um pequeno suspiro, enquanto dava festinhas ao meu bebézinho, que agora estava a sorrir e a dar-me palmadinhas na cara. - Achas que é? - perguntei ficando a olha-la - eu faço bem as coisas não faço? Ele até já fala e já se aguenta em pé - mordi o lábio.

Fiquei a fazer-lhe festinhas no peito, sorrindo ao ver Chris todo contente e assenti, beijando-lhe a bochecha.
- Tenho a certeza que é.- sorri e olhei-o.- claro que fazes amor.- sorri com a sua preocupação e apertei-o com cuidado contra mim.- és o melhor pai que ele podia ter, acredita. Cuidas dele melhor do que qualquer outra pessoa.

Sorri endirentando Chris no meu colo e sorri enquanto ele olhava para toda a casa, pelo menos ele não tinha recordação de nada, apesar de saber que também o afectava. Fiquei todo torto quando a tentei olhar, mas sorri um bocadinho - Espero que sim - murmurei. - E vou fazer o teste de ADN, outra vez.

Continuei muito encostadinha a ele, fazendo-lhe festinhas no peito e dei-lhe alguns beijinhos seguidos na bochecha, sorrindo-lhe.
- Eu sei que sim.- murmurei.- o que aconteceu com o outro teste? - perguntei com uma cara estranha.

Encolhi os ombros para responder à sua pergunta.
-Houve muitas trocas - olhei para Chris que estava com um sorriso adorável - Eu nem o cheguei a ver, quero tirar a prova dos nove - murmurei sorrindo levemente vendo-a com uma careta - faço mal?

Fiquei a ouvi-lo com atenção e abanei a cabeça para responder à sua pergunta.
- Não, acho que fazes bem.- murmurei.- ainda por cima se não o viste.- beijei-lhe a bochecha.- não é miauzinho? - falei para Chris e ri-me quando me respondeu na sua língua.

Olhei-a quando disse que não e ainda fiquei algum tempo a tentar perceber se ela estava a falar a sério, mas como não consegui perceber apenas assenti olhando para Chris com um meio sorriso. - Eu nunca tive um... orgasmo com ela, mas é possivel - murmurei - é possivel e ele está a ficar parecido a mim...

Estremeci quando me permiti imaginar a cena, mas rapidamente me arrependi, abanando a cabeça e apertando-o mais contra mim, como se o pudesse proteger. Ninguém ia tocar nele, nunca mais.
- Ele merece ter um pai como tu.- murmurei baixinho.- apesar de tu já seres pai dele de qualquer das formas.- encolhi os ombros.- mas faz o teste, tira todas as dúvidas, pode ser que tenhas uma surpresa boa.- sorri.

Encolhi-me ligeiramente, puxando Chris para mim e abraçando-o com força. Detestava lembrar-me da mãe dele, odiava-a com todas as minhas forças, mas mesmo assim conseguia sentir-me arrependido demais. Ela ainda me assombrava, principalmente com alucinações. - Eu sei - murmurei passando as mãos pelas suas costas - eu vou fazer.

Sorri ligeiramente quando Chris se agarrou a Keith e toquei no seu cabelinho, voltando depois a abraçar-me a Keith. Era a pior sensação do mundo imaginá-lo com quem quer que fosse, ainda para mais depois de saber as coisas que ela lhe tinha feito. Se ela não estivesse morta, eu matá-la-ia com as minhas próprias mãos.
- Eu continuo a achar que ele tem os teus olhos.- disse baixinho, tentando aligeirar o ambiente.- e o teu sorriso.- soltei um suspirinho.- e gosta de mamas como tu.

Ri-me baixinho quando falou das mamas e Chris levantou a cabeça com o seu sorriso traquina.
-Mama - esticou-se até July, agarrando-se a ela pelo pescoço depois de alguns saltinhos na minha barriga.
-Ele não sabe distinguir - ri-me virando a cabeça até beijar uma delas.

Arregalei ligeiramente os olhos mal Chris pareceu perceber do que falávamos e ri-me, agarrando nele para o trazer para o meu colo. Baixei a cabeça até beijar a testa de Keith e sorri.
- Temos de lhe ensinar.- murmurei, sentindo Chris enfiar a cabeça no meu peito.- apesar de achar que ele prefere este tipo de mama.- ri-me, passando as mãos pelos seus caracóis.

-Eu acho que ele gosta das duas, tal como eu - sorri abraçando a cintura de July, beijando-lhe o ombro enquanto olhava para Chris, ele estava adorável e ia ser muito feliz no que dependesse de mim. Se ele fosse mesmo meu filho, ninguém mo ia tirar. Nunca.

Passei as mãos pelas costas de Chris e beijei-lhe a testa, encostando-me mais a Keith. Eu sentia-me tão bem quando estávamos assim, os três, eu sentia-me tão bem com eles.
- Mais uma coisa em que ele é parecido a ti.- sorri e beijei a testa de Keith.- vocês são os meus miaus.

Sorri quando disse que eramos os miaus dela e vi Chris deitar-se a cabeça em cima das suas mamas, fechando os olhos enquanto se preparava para dormir. - Tens soninho? - perguntei baixinho, passando as pontas dos dedos pelos seus caracóis. Sorri encostando-o também a mim e fechei também eu os olhos. - Dorme, assim eu e a mamã ficamos sozinhos para namorar - murmurei, mas acabei por adormecer primeiro que ele.

Olhei para Chris quando o senti mexer-se e sorri ao vê-lo aconchegar-se no meu peito e fechar os olhos. Passei as mãos pelas suas costas e encostei-me também a Keith. Ri-me baixinho com o que disse e passei uma mão pelo seu cabelo, encostando depois a cabeça à sua.
- Queres namorar, é? - murmurei baixinho mas de pouco me serviu porque quando o olhei, já ele estava a dormir, tal como Chris, que estava todo aninhado nas minhas mamas. Sorri com a cara dos dois e puxei-os para mim, fazendo-lhes festinhas. Podia passar a vida assim, só a olhar para eles.

Enfiei a cabeça nas mamas de July e abanei a mesma, queria esquecer o pesadelo, porque é que não havia um dia em que eu não o tivesse? Passei as mãos pela perda de July e respirei fundo, voltando a enconchegar-se, sentindo os seus mimos - tenho que ir leva-lo ao berço - disse, apesar de nem me mexer.