Quarto de Madeliene Hunts

- Dai eu ter dito que não as mostro a toda a gente - encolhi os ombros - Não tenho de ser simpático nem prestável para todos, sou para quem quero.

Encolhi ligeiramente os meus ombros.
- Hmm, estás cá à muito tempo? - perguntei de certo modo curiosa.

- Não - disse, apoiando os cotovelos nas pernas - cheguei hoje mesmo e já conheci uma melga

Fiz um sorriso torto.
- Ahmmm, conheceste alguém para além de mim... - ri-me um pouco, mesmo sabendo que ele devia estar a falar de mim.

- Não, és mesmo tu - disse directamente, rindo-me - tu és daquelas melgas que ao mesmo tempo são lapas e não deixam as coisas até as ter - disse, referindo-me à situação do livro

- Tu é que vieste ter comigo e eu é que sou a melga... - encolhi ligeiramente os meus ombros. - E só fui como fui porque te armaste em parvo.

- Eu não fui ter contigo, eu precisava do livro para as aulas enquanto tu apenas o querias ler por ler e ainda te vim trazer quando já não o precisava - encolhi os ombros - para a proxima nao o faço

Sorri levemente.
- Para a próxima... - repeti as suas palavras. - Sendo assim, andas em que curso? - perguntei, tendo quase a certeza que não era em medicina, visto que estes livros não me tinham sido pedidos para ler.

- Eu ando em artes - disse, fazendo um sorriso torto, como sempre fazia - pretendo ser um grande actor um dia. e tu ? andas em que curso ? - perguntei, olhando-a

Fiz uma careta mesma feia quando ele me perguntou em que curso andava.
- Ando em medicina... - declarei.

- Porque essa careta ? - perguntei quando ela disse que estava em medicina - não é nesse curso que queres estar ?

- Não, eu queria mesmo era música... - suspirei. - Mas os meus pais têm uma clínica... e são médicos, por isso não me deram escolha. - expliquei.

- Se querias música, escolhias música - encolhi os ombros - o meu pai também não queria que eu seguisse artes mas eu segui porque é isso que eu quero - expliquei - acho isso parvo... ir para areas que nao querem só por causa dos pais

- Bem tentei, mas não consegui... - suspirei lentamente, fixando o meu pé inchado. Voltei a olhar para ele. - Mas os teus pais queriam que seguisses o que? - perguntei curiosa, vai na volta ainda era medicina.

- O meu pai queria que eu seguisse advocacia, tal como ele - revirei os olhos - mas eu não queria ser como ele, e queria escolher artes e foi o que fiz. - encolhi os ombros.

- Já vi que a minha sorte anda mesmo muito longe... - suspirei de novo, mas mais lentamente. - Sendo assim, boa sorte. - sorri levemente.

- porque é que dizes isso ? - perguntei, olhando-a - muda agora de curso, ainda vais a tempo. estamos no inicio do periodo - encolhi os ombros - os teus pais nao tem de saber

Olhei-o encolhendo os ombros. - Não posso. - informei-o. - Acredita que eles são capazes de qualquer coisa se o fizer. - expliquei-lhe. Dizia-lhe isto porque era o que eles me tinham dito antes de vir para aqui. Quer dizer não tinham bem dito, mas tinham dando a entender.

- Hmmm... - olhei-a, tomando atençao aos seus olhares - e por exemplo, o que é que podia acontecer se tu mudasses de curso ? - perguntei.

Desviei o meu olhar do seu assim que ele olhou para mim.
- Sei lá... eram capaz de me tirar aqui. - encolhi os ombros.

- mas eles nao vao saber, logo nao te podem tirar daqui - encolhi os ombros quando ela deixou de me olhar - tens problemas em olhar as pessoas ?

Estremeci de certo modo quando ele me fez aquela pergunta.
- Ahm... não. - respondi simplesmente.

- Sabes que és uma péssima mentirosa, não sabes ? - perguntei, rindo-me - E eu vi-te a olhar para mim, porque é que desvias-te o olhar quando eu olhei para ti ?

Subi ligeiramente o olhar.
- Não é nada... vais achar-me estúpida... - murmurei.

- Vou-te achar estúpida porque ? - perguntei, olhando-a confuso - Por acaso às vezes és estúpida mas é diferente - encolhi os ombros.