Quarto de Keith Grant

-Também tu, Luxy - sorri fazendo o mesmo que ela me fazia e fechei os olhos, apesar de ter dito aquilo não me tinha virado de costas e não o pretendia fazer.

Ele fechou os olhos e passado uns segundos dormia, como é que conseguia ? Ainda andei ali às voltas para tentar achar uma posição confortável e acabei por adormecer muito mais tarde que ele.
Não sabia que horas eram, se era cedo ou tarde quando senti a luz bater-me nos olhos e escondi a cara contra algo que tinha ao meu lado. estava quase a adormecer quando me apercebi que estava era completamente colada a ele com a cabeça no seu peito.

Esfreguei os olhos ainda dormente e abri-os com cuidado por causa da luz. Senti algo mais quente que o normal, olhei para o meu peito e vi-a colada a mim e percebi que só agora é que se estava a aperceber disto.
-Não resististe aos meus encantos? - perguntei espreguiçando-me.

Ele começou a acordar e eu baixei a cabeça porque sabia que provavelmente estava corada.
- Não, não resisti - revirei os olhos - mas também só não me afastei porque o teu braço não deixava

Olhei para o meu braço e tirei-o de volta da sua cintura rindo-me - A culpa não é só minha - avisei-a e olhei para um dos seus ferimentos na testa. Levantei-me indo buscar um bocado de betadine num bocado de algodão e voltei a deitar-me - sabes que devias ter cuidados com isto? Queres-te com marcas? - Perguntei passando devagar o algodão pela testa.

Fiquei confusa quando ele se levantou, voltando com betadine e algodão.
- Que vais fazer com isso ? - perguntei e ele começou a desinfectar um corte que tinha na testa. levei a mão à cabeça, passando o dedo por onde anteriormente ele tinha passado o algodão. - eu ainda não olhei para o espelho desde que acordei do coma - fiz uma careta - não quero ver como estou

-Devias - olhei para ela e voltei a abanar a cabeça - tu és totalmente doida, estiveste em coma e mesmo assim decides fugir? - Perguntei passando novamente o algodão mas desta vez no seu ombro, depois coloquei as coisas na mesa-de-cabeceira.

- eu não queria estar ali, eu não gosto de estar presa 24 horas por dia numa cama e depois só podia ter visitas uma hora por dia - suspirei - eu já estou bem, apenas tenho nodoas negras, cortes e tudo mais mas é preferivel ter dores do que estar no hospital

-Sim... espera se só podias ter uma hora de visitas quer dizer que estavas nos cuidados intensivos - murmurei espantado. - Ok, não vou dar uma de mãe, mas que fique bem dito que és louca. - ri-me.

- Sim, eu estava no UCI porque acho que tive mesmo mal, não sei - encolhi os ombros - e sim, eu sei que sou louca e não bato bem da cabeça - ri-me - mas nao me importo

Ri-me com ela e sentei-me na cama. - Queres vir tomar o pequeno almoço comigo? - Perguntei e depois abanei a cabeça - Esquece a pergunta. Vem tomar o pequeno almoço comigo. - disse de uma forma a que não fosse uma pergunta.

- Deixa-me só ir ao meu quarto mudar de roupa e ir buscar dinheiro - disse, vestindo o mesmo vestido do dia anterior - não posso ir sem dinheiro

-Não precisas de levar dinheiro - revirei os olhos - só precisas de levar-te a ti e.. roupa, apesar desse vestido não te ficar mal. - ri-me. - Eu estou a convidar-te, por isso eu pago.

- nao, nao vais pagar. nem penses nisso keith! - disse rapidamente - obrigada - sorri levemente - mas não quero que pagues

Fiz uma careta. - Não queres mas eu pago - reclamei indo à minha mala e procurando uma coisa para vestir. Assim que encontrei uma t-shirt e umas calças dignas de se levar para a rua vesti-as e olhei-a. - Eu levo-te ao teu quarto.

- nao vou discutir esse assunto contigo - revirei os olhos - anda la, abre a porta - bati o pe no chao, esperando por ele

-Pois não, não vai. Obrigado - agradeci ironicamente e fui à casa de banho lembrando-me que tinha colocado as calças para lavar. Procurei as chaves e quando as encontrei fui para o quarto abrir a porta. - Anda.

revirei os olhos e sai do quarto, esperando que ele me seguisse até ao meu.
- não te percas - gozei, olhando para ele e rindo-me

Fomos de novo até ao seu quarto, num ambiente um pouco estranho.
Ele seguia uns passos mais à minha frente e ia de mãos nos bolsos, eu vinha mais atrás com as mãos junto à barriga e a cabeça baixa, vendo apenas os seus pés

Parei na porta e abri-a deixando que ela entrasse primeiro. Quando o fez, entrei e olhei para ela. - Vou ter que te começar a irritar, para falares comigo? - Perguntei. - Às vezes é melhor falar com as pessoas que não conhecemos bem.

Esperou que eu entrasse, para ele entrar a seguir.
- Não, não tens de irritar. Eu estou a falar contigo - disse baixinho - tu não és propriamente um... um desconhecido

Fiz uma leve careta e olhei para o tecto.
-Sou sim, conheces-me à menos de vinte e quatro horas. - encolhi os ombros - Não sabes propriemente a minha vida toda nem eu sei a tua.

- Eu sei que não sabes mas desconhecidos são aquelas pessoas que vejo na rua e nem o nome delas sei, pelo menos és um conhecido - suspirei e sentei-me à beira da cama - e não há nada a falar

-Esquece o meu nome então - gozei e fui-me sentar no cadeirão rodando-o e olhando por vezes para ela. - Está bem. Não te obrigo a falar, mas se quiseres podes dizer alguma coisa.

Suspirei e comecei a brincar os meus dedos.
- Já esqueci o teu nome - encolhi os ombros - eu não quero relembrar o que se passou