Quarto da Grace Wood

-Mandas só se for nas outras. Em mim não mandas de certeza. - apoiei as duas mãos na parede para me tentar levantar.

Suspirei e deixei-a levantar-se.

-Obrigadinha. - levantei-me. Fui até junto da minha gaveta e escolhi o pijama da noite anterior. Retirei a toalha e vesti apenas as cuecas. De seguida pus creme e depois vesti o top.

Revirei os olhos e voltei a deitar-me agora de barriga para cima. - Não vais para as aulas? 

-Perdi a vontade. - encolhi os ombros - Tu é que devias ir.

- Grace vai para as aulas, em ciencias não há vontade de ir, vais e pronto. - ralhei-lhe. - Eu estou-me é a cagar para aquilo, já desisti de ser cantor. 

-Não te preocupes comigo. Eu sei as matérias. A que a stôra está a dar agora já a tinha estudado antes. - se havia coisa que tinha aprendido era que tinha que estar sempre um passo à frente - Não devias desistir. - deitei-me de barriga para baixo na cama.

- Vai na mesma - resmunguei. - Sabes perfeitamente que não é isso que quero, senão não estava a ter aulas noturnas de assuntos que não têm nada a ver - revirei os olhos.

-Sabes o que é que eu acho? É que para uma pessoa que é tão segura de si pensas de mais naquilo que os outros pensam acerca de ti. - disse com honestidade.

- Eu sei - olhei o teto - Eu sei bem disso, vai para as aulas Wood - voltei a ralhar-lhe.

-Já te disse que não vou. - revirei os olhos. Mas que chato! - Não é por faltar uma tarde que morro.

- Grace, não sabes do que sou capaz de fazer se não fores. - disse num tom ameaçador.

-Edson, custa-te muito ouvir um não? Eu amanhã vou e estou com o dobro da atenção. Agora deixa-me relaxar. - resmunguei.

- É que és mesmo estupida - suspirei - Não vás. Tu é que te lixas. E eu já me cansei de estar aqui - levantei-me fui ter com ela e dei-lhe um beijo numa nádega e deitei-me ao seu lado. - Vai para as aulas se faz favor. 

-Porra mas outra vez com a mesma merda de conversa? - odiava asneiras mas ele estava mesmo a irritar-me - Se já te disse que não vou para quê insistir? Foda-se. - deitei a cabeça numa almofada.

Pus-me em cima dela, virando-a para cima e agarrei-lhe nas bochechas com uma mão e apertei-as. - Cala a boca ja tou farto de te ouvir, caralho!

-Não me toques assim Edson! - desviei as mãos dele da minha cara - Podes bater nas outras todas. Podes espancá-las se quiseres. Mas em mim bateste uma vez e não bates mais, ouviste? - olhei-o bem nos olhos.

Agarrei-lhe nos pulsos e prendi-os não a deixando escapar-me e tornei a agarrar-lhe as bochechas. - Cala essa merda de boca! - apertei-lhe tanto as bochechas que era impossivel era responder, quer dizer, podia mas iriam só sair sons.

As lágrimas vieram-me aos olhos quando ele começou a tornar-se cada vez mais violento. Queria mexer-me mas ele tinha-me prendido. Tentei gritar mas os sons saíam baixos devido ao facto de ele me estar a apertar as bochechas. Os meus olhos ficaram turvos e as lágrimas começaram finalmente a cair. Ele estava a magoar-me.

- Chora, estupida chora - resmunguei não a largando nem um segundo.

Como me era impossível mexer as mãos mexi o resto do corpo, contorcendo-me toda debaixo dele para que me largasse.

- Ta quietinha - prendi-lhe a anca com os joelhos.

Com as ancas presas não me conseguia mexer. Fechei os olhos com força, tentando ignorar a dor e rezando para que ele me largasse depressa.

Larguei-a brutamente e saí de cima dela. - Não me procures mais. Para ti estou morto. - disse e fui-me embora.

Sentei-me na cama muito rapidamente e respirei fundo várias vezes. Levantei-me da cama toda a tremer e vi que tinha a cara toda vermelha e com a marca das mãos dele. Tinha também algumas das mesmas marcas nos braços e pernas. Voltei para cama e chorei até adormecer.