Quarto do Keith e da Jullie

-Por isso mesmo, nunca tiveste nada assim e eu estou a dar-to, por isso - abanei a cabeça - achas mesmo que tens razões para estar insegura? - suspirei deitando-me na cama ao lado dela.

- mas o problema nao és tu keith - sentei.me e baixei a cabeça - o problema sou eu. sempre perdi o que amava, nao tive uma infancia facil e agora tudo parece bem, perfeito demais e tenho medo que alguma coisa aconteça e isto acabe. eu mudo o que quiseres keith, diz.me - pedi

-Muda o que estás a dizer agora - apontei para ela - tu tiveste uma infância dificil porque estive num orfanato mas eu também, eu tive um pai que mal conhecia, uma irmã que só me irritava, uma mãe piscopata que neste momento está a ser transferida da prisão para uma clinica, eu também não tinha nada disto e se nós tivermos medo, aí é que perdemos.

- Eu vou mudar, eu prometo. - segurei.lhe as maos - desculpa pela minha atitude hoje - desculpei.me - estas muito cansado ? - perguntei, olhando.o com um sorriso.

Decidinão dizer mais nada e suspirei -Estás desculpada - assenti enfiando a cara na almofada e agarrei-me à mesma de olhos fechados - estou - disse com a voz abafada.

- está bem - beijei.lhe a cabeça e comecei a mexer.lhe no cabelo - pensei que podiamos ir dar um passeio a praia mas vamos amanha quando nao tiveres cansado - sorri e desliguei as luzes e levantei.me para fechar os estores para a luz nao entrar

Suspirei quando ela começou a mexer-me no cabelo, aquilo sabia tão bem. Agarrei-me à almofada enquanto ela ia diminuir a luz do quarto e puxei os cobertores mais para cima - se quiseres muito podes ir dar, eu fico aqui bem - sorri-lhe olhando-a e meti a cabeça de baixo das cobertas sentindo-me a adormecer aos poucos.

- Não amor, eu vou amanha durante o dia. Agora esta a escurecer e a ficar frio - sorri e beijei.lhe a testa, ficando a mexer.lhe no cabelo enquanto ele adormecia. Fiquei a olha.lo por uns momentos e ele tinha razao, eu tinha de deixar de ser insegura. eu tinha um emprego de sonho, tinha o namorado perfeito, um filho perfeito e ia ter mais um bebe perfeito, nao podia pedir mais. levantei.me devagar e fui buscar o caderno de desenhos e comecei a desenhar, tentando inspirar.me em coisas que me lembrava, aproveitei que estava a fazer aquilo e desenhei umas roupas de gravida. quando adormeci ja era de madrugada, adormeci com os papeis todos espalhados e a minha cabeça encostada a sua

Virei-me para cima embrulhando-me nos cobertores e senti a cabeça dela cair. Olhei para Luxy deitando-a melhor para não ficar toda torta e olhei para os desenhos ajeitando-os e olhando para casa um. Ela tinha cá uns ataques de vez enquanto. Coloquei todos na mesa-de-cabeceira e encostei-me mais a ela.

Acordei noutra posiçao e olhei.o, vendo.o a dormir agarrado a mim. bocejei e sorri, esfregando os olhos e comecei a dar.lhe pequenos beijinhos pela cara toda - bom dia - murmurei, rindo.me com a sua careta

Fiz uma careta puxando as mantas para cima de mim e encolhi-me.
-Não - resmunguei. - Não quero - supirei virando-me para cima e depois para o outro lado e acabando por cair. Levantei-me fazendo uma cara amuada e suspirei sentando-me no chão.

- Temos de ir tomar o pequeno almoço - espreitei para o chão e sorri, olhando para ele amuado. Fui gatinhando para o chao e sentei.me a sua frente. - já são onze horas, nao faças esse beicinho senao vou ter de te morder - levantei.me e estiquei a mao para o ajudar a levantar

Olhei para Luxy com um ar desconfiado, apesar de não estar desconfiado o.O e levantei-me indo vestir roupa quentinha. - Não tenho fome - reclamei dando-lhe um beijo rápido e voltando a ir para a cama embrulhando-me.

Olhei para ele e arregalei os olhos - o que ? nao tens fome ? - perguntei e sentei.me a beira da cama - estas doente so pode - levei a mao a sua testa e ri.me - anda la dorminhoco. - beijei.lhe a cabeça e comecei a fazer.lhe cocegas

-Não tenho fome, mesmo - disse olhando para ela e abanando o rabo para que não me fizesse cocegas e virei-me para ela. - Deixa-me ficar na cama, quero dormir - pedi voltando a fechar os olhos.

- Está bem, eu deixo.te dormir - afastei.me e vesti uma roupa pratica - eu queria ir comer para irmos um bocadinho a praia com o chris, podia ser que ele gostasse da praia - fui lavar a cara a casa de banho e atei o cabelo - se depois quiseres ir ter connosco, manda mensagem para te dizer em que sitio da praia nos estamos

-Está bem - disse adormecendo assim que a porta foi fechada. Acordei de tarde e passei as mãos pela cara com um suspiro. Doía-me a cabeça e ela estava em todo o lado. Ignorei olhar para a cara dela e fui até à casa de banho passar água pela cara e pelo cabelo chegando a ir ao peito. Suspirei olhando para mim mas fechei logo os olhos quando ela me apareceu atrás. Afastei-me indo vestir alguma coisa de jeito e saí de casa.
-Keith - gritou-me alguém conhecido. Virei-me para trás e vi Eric, sorri cumprimentando-o. Eric era um colega de escola, não o via à anos. Ele perguntou-me se eu queria ir beber um copo e eu assenti indo atrás dele até a um bar muito conhecido em LA.
-Boa vida hã? - perguntou apontando para o meu relógio e para o meu telemóvel, estava a mandar uma mensagem a luxy, que não chegou a ser enviada porque na merda do bar não havia rede.
-Sim, e tu? - perguntei, ele sempre tinha tido problemas com dinheiro, os pais dele tinham morrido quando ele ainda não podia trabalhar e como ele não queria ir para nenhum lar andou a fugir até completar os dezasseis.
-Estou na mesma. Despediram-me à pouco tempo - encolheu os ombros com um suspiro.
-O que é que andas a fazer agora? - perguntei. Vi-o a olhar para os lados e a engolir em seco, de repente ficou todo nervoso e eu percebi - não te censuro, em tempos a minha familía também vendia. Alguma ainda vende. - ele suspirou e colou em cima da mesa discretamente. Ri-me quando vi o LSD na mesa. - Isto é tão brutal - Eric arregalou os olhos.
-Queres comprar? - perguntou - Por favor Keith, eu estou a desesperar. Eu já não tenho dinheiro para comer hoje. - olhei para o copo de whiskey dele e ele suspirou. -Vais ter que ser tu a pagar - abanei a cabeça e dei-lhe uns dólares valentes fazendo com que ele me desse uma caixa inteira daquilo, tirei apenas um e dei-lhe o resto. - Espera... desde quando é que tu já experimentaste isto Keith? - Eu encolhi os ombros.
-Desde que vou a festas. - Ele levantou-se.
-Cuidado para não teres uma Bad Trip, é lixado. - assenti sorrindo-lhe e fui pagar enquanto metia aquilo debaixo da língua. Fiquei durante uns tempos a olhar para as coisas enquanto passeava com Eric pelas ruas movimentadas de LA. Sorri quando tudo começou a ficar vago, colorido e divertido. Eu ria por tudo e por nada e por acaso era mesmo isto que eu estava a precisar hoje.
-Oh, concentra-te palhaço - gozou Eric e eu apenas me ri.
-O quê?
-Tens um filho? - perguntou e eu sorri ao lembrar-me de Chris, na minha mente desenhei-lhe dois corninhos e um bigode de diabo, ele era o meu diabrete e ninguém ia ficar com ele porque eu estava feliz e sabia cuidar dele.
-Ele não é meu filho biológico a puta da Ger fingiu que engravidou de mim e pronto - ri-me - ela morreu, eu matei-a e podia fazê-lo de novo agora sem sequer pensar duas vezes. - Ele pareceu ficar com os olhos castanhos ainda maiores em medida a que eu falava.
-Cuidado puto, não penses em coisas más...
-Tu tens uns olhos que mudam de cor - disse colocando-me à frente dele e dando-lhe chapadinhas na cara, mas assim que vi Ger atrás dele comecei a correr até a encontrar, quando dei por mim, estava em casa a olhar para ela, frente a frente. Ela sorriu para mim e colocou as mãos atrás das costas vindo na minha direcção.
-Não voltes mais à minha vida - gritei-lhe - eu estou farto - passei as mãos pelos cabelos - Ainda bem que já morresta uma vez, assim já estás habituada - disse com alguma ironia agarrando-lhe o pescoço e mandando-a à parede, dei-lhe um pontapé puxando-a para cima e fiquei a apertar o seu pescoço com força. - Eu detesto-te, destruiste a minha vida - fiz com que ela batesse com o corpo contra a parede incluindo a cabeça. Senti as suas mãos contra as minhas e repeti o mesmo processo mais duas vezes - Morre! - gritei com as lágrimas a escorrer. Ouvi um choro e afastei-me. - Chris - olhei para trás. - Chris. Chris - repeti sem parar e andei às voltas no quarto. - CHRIS. - gritei puxando os cabelos e só depois o encontrei na cama a chorar aos altos berros. Agarrei nele embalando-o com urgencia. - Shhh, está tudo bem - murmurei - está tudo bem. Ela não vai fazer-te mal. - Abanei a cabeça- Não vai. - fiquei horas ali a embala-lo de olhos fechados, mesmo quando ele adormeceu no meu pescoço. Quando abri os olhei em volta vendo tudo com mais clareza, mas ainda estava tudo muito colorido. Fiquei sem ar de repente quando vi Luxy caída no chão e tive que apertar melhor o Chris no meu colo para não o deixar cair. Engoli em seco aproximando-me para ver os estragos e comecei a entrar em pânico, mas consegui controlar-me, não podia entrar em pânico com o meu filhos nos braços. Ela estava viva.Ela estava viva. Oh meu deus, sim, ela estava viva. Engoli em seco afastando-me consecutivamente. Ela odiava-me.
-Oh meu deus - chorei agarrando-me a Chris- não. - Ele também começou a chorar e eu tive que me recompor engolindo em seco. Olhei para o calendário, era sábado logo não estava ninguém em casa sem ser ela, ainda por cima era de noite. - Não - voltei a repetir entre soluços. Apenas agarrei num biberon e no carrinho de Chris e saí dali.

Senti todos os meus músculos ficarem tensos, incluindo o meu maxilar, enquanto revivia tudo aquilo o que se tinha passado. Passei as mãos pela cabeça e virei-me para contrário encostando a cabeça à parede. - Ela estava grávida - disse entre soluços.

Engoli em seco ao ver o seu estado e olhei em volta, sentindo o meu olhar prender-se numas fotos que estavam em cima de uma cómoda que havia no quarto. Eram eles..os dois, estavam felizes e..apaixonados. Pisquei os olhos e voltei a olhá-lo, tentando por tudo o que sentia de lado. Não valia a pena eu iludir-me, ele ia sempre amá-la.
- Está tudo bem Keith.- eles até iam ter um bebé juntos...abanei a cabeça.- tem calma.- toquei-lhe no ombro, virando-o para mim.

Quando ela me virou para si eu agarrei-me ao seu corpo a soluçar como se fosse o fim do mundo. Eu não conseguia parar, por mais que tentasse. Se cerrasse o maxilar começava a sofucar, por isso era melhor continuar a chorar. - parti-lhe o pescoço - murmurei baixinho.

Apertei-o contra mim, soltando um suspiro com o seu estado e fiquei a fazer-lhe festinhas, só esperava que aquilo servisse de alguma coisa.
- Shh..- murmurei.- já passou Keith, tu não tiveste culpa.- ele tinha saudades dela...- tem calma.

Afastei-me abanando a cabeça quando ela disse que eu não tinha culpa.
-Isso não é verdade, eu tive culpa. - disse tentando não lhe gritar porque não a queria magoar. - Eu tive.

Engoli em seco quando ele se afastou e esfreguei a mão no peito, respirando fundo.
- Tu gostavas dela.- murmurei, mordendo depois o lábio.- ou melhor, tu gostas dela.- olhei as fotos por cima do ombro.- tu não fizeste por mal.

Abanei a cabeça encolhendo os ombros.
-Mas fiz, é isso que interessa - olhei-a encostando-me à parede e apontei para a parede que tinha acontecido.

Soltei um suspiro e aproximei-me dele, agarrando na sua cara com as duas mãos.
- Tu.não.tiveste.culpa.- disse pausadamente, mordendo a parte de dentro da minha bochecha.- sim, não devias ter tomado aquelas porcarias, mas no fundo tu não tens culpa de te ter acontecido tudo o que já te aconteceu.- disse.