Quarto de Jesse Grant

-Calma - pedi-lhe encostando a minha cabeça ao seu ombro e respirando algumas vezes fundo. Parecia um velhote, por vezes tinha tremores e suores frios apesar de não ter febre. Ao fim de algum tempo a minha cabeça deixou de pesar tanto e eu levantei-a. - Não vai acontecer nada.

Respirei fundo e senti o meu coração acelarar com a proximidade dele. Já não para não falar da preocupação que ele me estava a causar, já quando era com a minha irmã ficava neste estado. Suspirei de alívio ao ouvi-lo dizer aquilo - Tens a certeza? - perguntei acariciando-lhe a bochecha.

Abanei a cabeça e apesar dela ficar tensa sempre que eu lhe tocava encostei a minha testa à dela e olhei-a segurando o seu rosto.
-Não devias estar aqui - disse - eu estou - mumurei. Por enquanto, mas queria despacha-la, não queria que ela visse... - vai-te embora. - afastei a minha cabeça da dela meio aos tremeliques e larguei-a.

-Não. - murmurei. Apoiei a mão no chão e andei de joelhos até estar bem perto dele. Toquei-lhe na mão e apertei-a com força - Não vomites agora. - ri-me. Voltei a colar as nossas testas e toquei-lhe no queixo com a ponta do dedo para que ele olhasse para cima - Eu vou ficar aqui contigo aconteça o que acontecer. - cheguei-me mais para ele e dei-lhe um beijo leve nos lábios.

-Não, daqui não sai mais nada - sorri levemente e vi-a aproximar-se de mim, segurei-lhe na cara quando voltou a encostar as nossas testas e fechei os olhos. Ai, era agora. Não percebi nada do que ela disse, mas percebi o beijo, beijo que quis continuar mas a minha cabeça pendeu para o lado e não vi mais nada.

Mantive os meus lábios encostados aos dele até que o senti desfalecer. Ainda bem que estava tão perto porque consegui apanhá-lo. Aconcheguei-o nos meus braços e tentei não entrar em pânico - Jesse... acorda por favor... - dei-lhe chapadinhas na cara e estiquei-me para chegar à torneira. Meti a mão debaixo de água e passei-a na cara dele - Acorda.... - pedi mordendo o lábio com força. Ele estava a começar a assustar-me a valer.

Comecei a sentir alguma coisa fria na água e estremeci tentando abrir olhos olhos. Pestanejei algumas vezes seguidas e a cara dela ficou mais focada, mas assim que isso aconteceu afastei-me e abri a tampa da sanita para vomitar tudo o que tinha no estômago. Quando sabia que não ia vomitar mais nada fechei de novo e encostei a minha cara à tampa. - Eu disse que era melhor ires. Não tens que me ver assim. -mas que merda, por que isto acontecia, foi uma sessão, uma fucking sessão, não foram duas nem três.

Assim que ele acordou não me deu tempo de dizer nada, debruçou-se logo sob a sanita e desatou a vomitar. Ajoelhei-me perto dele e meti-lhe a mão na testa e a outra na parte de trás do pescoço para o amparar - Eu quero-te ver de todas as maneiras possíveis. - calei-me. Levantei-me para pegar numa toalha que encharquei toda em água. Escorri-a um pouco e ajoelhei-me de novo a seu lado. Fi-lo sentar-se no meio das minhas pernas, de frente para mim, e passei-lhe a toalha na cara.

-A sério? - sorri levemente ao sentir a toalha molhada na minha cara. Abri os olhos tentando olha-la como deve de ser - Eu gosto de ti Cait - disse respirando fundo - tu és... - não consegui encontrar a palavra mas nem me apercebi que não a tinha dito. - leva-me para o quarto, está frio aqui. -pedi.

-Sim. - cheguei-me mais para a frente ainda e apercebi-me que estava outra vez perigosamente perto dele - Eu também gosto de ti. - toquei-lhe na cara e dei-lhe um beijo na bochecha. Molhei a toalha mais um bocado e pu-la ao ombro para a levar comigo para o quarto. Levantei-me do chão e dei-lhe a mão abraçando-me toda a ele quando se levantou também para não correr o risco de cair. Fui sempre agarradinha a ele até à cama e ao chegar lá perto tropecei no pé dele e fiz-nos cair aos dois - Ai desculpa. - disse metendo a mão na sua perna para ele não cair da cama abaixo e arrastar-me com ele pois estávamos todos colados e eu estava deitada por cima do seu corpo. Apertei-lhe a perna e puxei-a trazendo-a para cima da cama. Olhei os olhos dele e engoli em seco.

Olhei-a quando caímos ambos na cama e toquei-lhe na bochecha, mas apercebi-me que podia cair e ajeitei-me deitando-me como deve ser e puxando-a para fazer o mesmo.
-Não desapareças - disse ao perceber que ia adormecer.

-A menos que saibas fazer magia eu não saio daqui. - saí de cima dele antes que o meu auto controle se fosse todo e deitei-me afastada de si. Pois, antes que fosse todo porque grande parte dele já tinha ido assim que o beijei e lhe disse que gostava dele. Boa Cait, o teu plano está a resultar às mil maravilhas.

Assim que acordei percebi que já estava bem, ou melhor, que já não tinha todos aqueles sintomas. Abri os olhos devagar e vi que Caitlin continuava lá.
-Já não vai acontecer mais nada. - disse com a voz rouca contra o ombro de Cait, não sei como é que tinha ido lá parar, mas ela estava quase no chão.Afastei-me para lhe dar espaço.

-Hum? - ouvi Jesse falar comigo com a voz toda rouca mas não percebi nada porque fiquei logo baralhada e também porque tinha adormecido ao lado dele. Esfreguei os olhos e arregalei os olhos ao olhar para baixo e ver-me quase toda despida. A t-shirt tinha-se levantado enquanto eu dormia. Pus os braços ao lado do corpo e deixei-me estar muito quieta.

-Nada - suspirei quando vi que a tinha acordado. Olhei para a janela vendo que estava de dia e respirei fundo olhando as horas. Tinha ainda cinco horas para me recompôr antes de ir para outra sessão, mas para isso tinha que a fazer mexer, visto que sabia que ela não me ia largar.

-Estás a sentir-te melhor? - virei-me de lado e mantive sempre a mão na ponta da t-shirt para esta última não se levantar. Sentei-me na cama e apalpei as costas. Tinha que tirar a ligadura e fazer uma massagem com creme mas como se eu não chegava lá? Era nestas altura que precisava de ter a minha mãe aqui. Ela era a única que eu conseguia deixar que me tocasse.

-Estou - disse observando os seus movimentos, só o facto de estar a vê-la já quase que ficava curado. Vi que estava a mexer nas costas e olhei para a sua cara. - O que é que se passa? - perguntei - tens dores?

-Preciso de tirar esta ligadura... - meti a mão atrás das costas por dentro da blusa para sentir a ligadura. Já não tinha quase dores nenhumas mas não tinha noção do tamanho da nódoa negra.

Sentei-me na cama e olhei-a.
-Queres ajuda? - perguntei - Prometo que não me aproveito. - acrescentei logo antes que ela recusasse.

-Está bem... - deitei-me na cama de barriga para baixo não antes de tirar o creme da minha mala - Mas não olhes....muito.... - pousei a cabeça na almofada e as mãos debaixo desta. Respirei fundo e tentei manter-me descontraída.

-Está bem - coisa impossivel de se fazer. Sentei-me com cuidado e subi-lhe a camisola evitando olhar para o seu rabo. Tirei a lingadura desenrolando-a do seu corpo e olhei para a sua nódoa negra. - Isto foi..- fiz uma careta.

-O que é? - levantei a cabeça e virei o pescoço na direção dele. Baixei o olhar para a nódoa negra que apesar de não doer não estava propriamente pequena - Isso foi da queda. - disse logo.

Toquei levemente lá porque não queria magoa-la. - hm... - disse não muito convencido mas calei-me - queres que ponha creme? - perguntei esticando-me e tirando uma pomada própria.

-Quero, eu tenho aqui este. - dei-lhe o creme que a médica me tinha receitado para as mãos - Mas faz isso com cuidado, por favor. - pedi. Pousei de novo a cabeça na almofada e fiquei muito quietinha.

Peguei no creme que ela me tinha dado e assenti - eu sou cuidadoso - disse colocando creme nas minhas mãos e colocando-as na zona mais negra massajando com cuidado. -Podes descontrair.