Quarto de Jesse Grant

Fiz uma cara esquisita mas não me mexi, se esta gaja soubesse que eu já estive preso porque matei um gajo acho que ela em vez de ter ataques de pânico morria.
-Am.. estás no meu quarto - levantei-me fechando a garrafa e colocando-a em cima da estante. - Senteste bem? - perguntei ajoelhando-me no chão com os cotovelos sobre a cama e encaixando a minha cara nas mãos.

-No teu quarto? - arregalei os olhos e olhei para paixo vendo as minhas roupas apercebendo-me que se calhar nao devia ter vindo ter com ele assim tao pouco vestida - Estou, doi-me um bocado a cabeça. - levei a mao a testa sentindo-a toda molhada da agua - Desculpa... - olhei para baixo.

-Sim, mas se quiseres eu levo-te à enfermaria - disse-lhe e levantei-me quando ela disse que tinha dores de cabeça. Fui buscar um comprimido e a água e dei-lhe as duas coisas voltando à mesma posição. - Estás a pedir desculpa porquê?

-Nao, eu nao tenho tempo para isso. Tenho que estudar, trabalhar e treinar mais... - aceitei o comprimido e copo de agua que ele me estendia e bebi tudo pousando depois o copo vazio na mesa de cabeceira - Porque te vim incomodar.... porque desmaiei no meio do corredor... porque estou na tua cama e tu estas no chao... - levantei-me e agarrei-me a cama mesmo q tempo, qntes de cair outra vez.

-Hei - chamei interrompendo-a e aproximei uma mão dela mas não lhe cheguei a tocar. - então e a tua saúde, hm? - perguntei sentando-me na cama - já não estou no chão e não estás a incomodar - suspirei e agarrei-lhe no braço abanando a cabeça quando ela ia de novo cair - Deita-te - pedi - não vais trabalhar nesse estado, se quiseres levo-te ao teu quarto e ficas sozinha, mas ficas deitada até ficares melhor. - disse calmamente.

-Eu estou bem, estou boa de saude. - encostei-me a cama para o caso de me dar o desiquilibrio outra vez - Sim, mas eu estou habituada a levntar-me cedo e vim acordar-te quando ainda estavas a descansar. - olhei-o - Nao me quero deitar..... - olhei para os meus pes como fazia sempre que ficava embaraçada ou com medo. Olhei o relogio e arregalei os olhos - Por falar em trabalho: estou atrasada! E nao posso faltar! - exclamei antes que ele tivesse tempo de reclamar outra vez.

-Eu estava acordado, mas ainda estava na cama porque não tinha nada para fazer. A sério eu ligo a dizer que és doente, mas fica - arregalei os olhos quando ela também o fez e abri os braços. - Calma - pedi - Tu és toda stressada ou isso é mesmo só para fugir de mim?

-Oh Jesse eu nao posso ficar! - continuei a insistir - Eu preciso deste dinheiro e nao posso faltar ao trabalho so porque desmaiei, nao e? - sorri levemente com a pergunta dele - Os dois. - senti as minhas bochechas ficarem logo todas vermelhas.

-Não é? Claro que é! - revirei os olhos - não és mais teimosa que eu - disse-lhe. Ri-me levemente com o que ela disse e por ter ficado toda vermelha - Não precisas de fugir, não te vou comer. - Levantei uma sobrancelha - só se quiseres. - cala-te Jesse Grant. Calei-me.

-Sou mais teimosa sim! Nao me podes propriamente prender e fugir atras de mim pelo corredor quase todo nu se eu fugir. - respondi-lhe om um ar determinado - N...nao, eu estou bem assim. - falei com a voz tremida - Eu tenho mesmo de ir, adeus Jesse e ate um dia. - ajeitei a mala e sai doo quarto.

-Mas... não. - bati com a mão na porta quando esta se fechou e suspirei sentando-me na cama. Outra vez, pela segunda vez ela fugiu e o pior é que conseguiu. Levantei-me determinado e fui até à casa de banho tomei um duche e vesti qualquer coisa fixe. Não podia fazer com que a miúda arruinasse a auto-estima do Jesse Grant. Respirei fundo pegando no casaco e na água e fui para o café onde ela trabalhava, precisava de ter uma conversinha com ela.

Fiquei ainda um bocado ao pé do carro a olhar para o colégio, até que ficou tarde e eu tive que entrar. Fui até ao bar comprar uma garrafa de água grande e fui bebendo aos poucos enquanto agarrava numa folha e no carvão e desenhava um bocado.

Quando entrei dentro do quarto fechei-me na casa de banho e debrucei-me sobre a sanita vomitando tudo o que tinha comido. No fim, não tinha mais nada no estômago, colei a bochecha à parede gelada e respirei fundo e ao fim de algum tempo tive que vomitar o que quer que ainda existisse. Passei as mãos pela cara e levantei-me entrando dentro de uma banheira e abrindo a água gelada sem sequer me despir. Deixei que a água gelada me arrefece-se e levantei-me meio zono atirando-me para a casa de banho e só tirando as sapatilhas.
Já estava a habituado a reagir a isto sozinho, sempre que deixava aquelas merdas por fazer.

Parei de chorar e levantei-me correndo para o quarto de Jesse quando me apercebi de que ele tinha ficado com o papel das indicações do caminho para a sua casa. Bati à porta mas ninguém respondeu. Abri a porta que estava destrancada mas deparei-me com o quarto vazio. Entrei e reparei na porta da casa de banho que estava encostada, já para não falar do barulho do chuveiro que vinha lá de dentro. Entrei um pouco a medo porque ele podia estar nu mas tudo o que encontrei foi ele encostado à parede, todo vestido e com uma cara nada bem disposta.
-Jesse! - exclamei. Descalcei-me e entrei para a banheira agarrando-o e tocando-lhe na cara - O que tens? Diz-me o que tens! - pedi. Tem calma, não entres em pânico.

Comecei a ouvir barulhos e encolhi-me para ver se não me encontravam, mas como a porta estava aberta era suspeito e a Cailtin era curiosa de mais. Assim que entrou tentei fazer um ar mais normal e olhei-a.
-Nada, eu estou bem - disse e evitei tossir, coisa que acabei por fazer - apeteceu-me. - tentei despreocupa-la.

-Não estás. - abanei a cabeça e limpei a água que me caía para os olhos e me impedia de ver por vezes - Estás pálido.... - toquei-lhe na bochecha e depois na testa - E a escaldar... - estive a pensar por um bocado e depois decidi o que fazer. Tinha experiência nestas coisas por causa de quando a minha irmã tinha as crises depois da quimioteraperia - Vou despir-te, está bem? Eu não te magoo. - disse-lhe com uma voz calma. Levei as mãos à t-shirt dele e tirei-a com cuidado para não o magoar caso lhe doesse alguma coisa.

-Não, Caitlin. - suspirei mas a t-shirt já tinha saído do meu corpo - não é preciso, eu estou bem, estás a molhar toda - disse - isto já passa. - garanti-lhe fechando os olhos, não que eu quisesse, mas tive necessidade. Passei as mãos pela cara engolindo em seco.

-Eu já estou molhada de qualquer maneira. - passei as mãos pela sua barriga e desapertei-lhe o cinto olhando para ele de olhos fechados - Tens alguma medicação que eu te possa dar? - perguntei procurando o botão das caças e desapertando-o quando o encontrei. Tentei não pensar muito no facto de estar numa banheira com ele quase todo nu, e eu toda molhada. Fiz as calças deslizarem pelo seu corpo e tirei-lhas por completo. Aproveitei que estava também ajoelhada para lhe tirar as meias. Voltei a subir e acaricei-lhe a face e o cabelo molhado.

E agora? O que é que vais dizer? Se eu dissesse que sim, ela ia descobrir tudo e eu não queria que ela descobrisse... apesar de não ter vergonha... Suspirei pesadamente e abanei a cabeça. - Não. - acabei por dizer e consegui agarrar-lhe uma mão - fica aqui. - pedi inconscientemente.

-Claro que eu fico... não estava a pensar ir-me embora. - abracei-o porque era simplesmente impossível não o fazer. Estremeci ao sentir o meu corpo contra o dele, tão perto... Ignorei esse sentimento e colei os lábios à bochecha dele - Vou levar-te para a cama pode ser? - perguntei baixinho junto ao seu ouvido.

-Não consigo andar - virei a caraça começando a tossir desalmadamente -nem tu consegues comigo - disse fechando os olhos. Normalmente, quando estava sozinho, deixava-me estar durante muito tempo debaixo do chuveiro, até conseguir aguentar-me em pé, mas desta vez tinha que fazer um esforço, não queria que ela ficasse doente por minha causa.

-Ai Jesse. - olhe para ele angustiada e preocupada - Então senta-te aqui. - apontei para a banheira e sentei-me puxando-o para se sentar no meio das minhas pernas - Eu fico contigo. - passei-lhe a mão pela testa - Tens frio? - olhei o seu corpo e não pude deixar de reparar em como ele era bem constituído.

-Não fiques assim - respirei fundo de olhos fechados - eu estou bem. - cerrei o maxilar. Não vais tossir outra vez estupido, não vais. Quando ela me fez sentar no meio das suas pernas, ou pelo menos parecia, e me disse que ficava comigo abri os olhos para tentar olha-la e voltando a fechar quando passou a mão pela testa - Não sei. - disse visto que mal me sentia.

-Não, não estás. - fiz-lhe festinhas e desliguei a torneira para ele se habituar um pouco há temperatura ambiente - Nem sequer consegues andar... - larguei-o por um segundo apenas para atar o cabelo que já estava todo molhado e a incomodar-me. Voltei a agarrá-lo, colocando as mãos à volta dos seus ombros e os lábios na sua bochecha - Quanto tempo é que isto vai demorar a passar? - para ele estar tão calmo era porque já lhe tinha acontecido antes.

Estremeci quando ela desligou a torneira e não insisti no assunto de estar bem. Ela era bem inteligente e sabia que eu estava tudo menos bem. - Não sei - murmurei novamente e respirei fundo. - Mas vai passar.